Weintraub rebate declaração sobre comunistas e ataca Lula

Ministro defendeu novamente que as universidades públicas não podem ser soberanas e que, se preciso for, a polícia pode atuar nos campi das instituições

Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, se exaltou durante a sabatina a que era submetido na tarde de hoje, no plenário da Câmara. Depois de ser interpelado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB), que o questionou sobre supostas declarações de que comunistas merecem “tomar bala na cabeça”, Weintraub disse não ter “ódio no coração” e disse odiar “o pecado e não o pecador”.

Dizendo ser alvo de “agressões fúteis e superficiais”, o ministro retrucou: “Quanto à bala na cabeça, que a deputada Jandira falou, eu não tenho passagem na polícia, eu não tenho processo trabalhista – nunca tenho – minha ficha é limpíssima”. “Bala na cabeça quem prega não é esse lado aqui”, emendou. As declarações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O ministro também acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estar por trás do pedido que resultou na demissão de uma analista do Santander, que distribuiu nota apontando que a reeleição da então presidente Dilma Rousseff impunha risco de piora na economia.

“Quem ligou para o dono do Santander na Espanha, para pedir a cabeça de uma bancária colega minha porque ela ousou falar que se a Dilma fosse reeleita a bolsa ia cair e o dólar ia subir, foi o Lula”, disse Weintraub, subindo o tom de voz.

O ministro apontou governos anteriores como responsáveis pelo contingenciamento de recursos anunciados agora sob Bolsonaro. Já a atual administração federal, de acordo com o ministro, está empenhada em recuperar “parte do dinheiro da Petrobras que foi roubado”. “Quero que vocês um dia enxerguem a razão e vejam que tudo o que vocês pregam gera mal, atraso, números ruins. E quem paga de maneira mais dura, mais abjeta, é o povo, é o pagador de imposto.”

Contingenciamento
Ao isentar o atual governo da responsabilidade pelos cortes, o ministro citou como causa do problema o governo Dilma, destacando que a petista tinha como vice o também ex-presidente Michel Temer. “Não somos responsáveis pelo desastre na educação básica brasileira”, disse.

Weintraub afirmou que a atual gestão está apenas “cumprindo a lei” e disse que, se as reformas apresentadas pelo governo, principalmente a da Previdência, forem aprovadas pelo Congresso, o ambiente econômico vai melhorar e o Executivo vai ter mais recursos para voltar a investir.

“O Brasil parou de afundar, mas infelizmente ainda não decolou. Paramos de investir e isso só vai passar quando aprovarmos a nova Previdência. Estamos no limiar de ver o Brasil decolar. A recuperação econômica vai gerar receita e poderemos ter recursos para investir na educação novamente”, disse.

Ainda de acordo com o Estadão, Weintraub defendeu novamente que as universidades públicas do País não podem ser soberanas e que, se preciso for, a polícia pode atuar nos campi das instituições. “Autonomia universitária não é soberania. Se preciso, a polícia tem que entrar (nas universidades). E se preciso for, a polícia vai entrar, vai entrar sim”, disse.

Nesta terça, Weintraub já havia defendido a permissão para a atuação das polícias no ambiente das universidades,  que detêm autonomia “didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial” garantida pela Constituição. O ministro também afirmou que é preciso “corrigir juntos (a educação) sem revolução, sem brigar, sem intolerância”.