Weintraub provoca deputados: “Conhecem carteira assinada?”

Ao defender o uso de recursos recuperados de corrupção na área, ele afirmou ter a ficha limpa e não ter passagem pela polícia

Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, partiu para o ataque, nesta quarta-feira, durante audiência que durou seis horas, na Câmara dos Deputados, para explicar os cortes na Educação. Ao defender o uso de recursos recuperados de corrupção na área, ele afirmou ter a ficha limpa, não ter passagem pela polícia e ter a carteira assinada.

Em seguida, de forma irônica, provocou os deputados: “Fui bancário. Carteira assinada. Viu, azulzinha, não sei se vocês conhecem”, afirmou, provocando vaias de parte dos parlamentares que assistia a audiência. Um coro se formou, com deputados gritando “demissão”. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

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Convocado por parlamentares para explicar o contingenciamento na área da educação, ele apresentou, em 30 minutos, uma versão revista da que já havia exposto no Senado, há alguns dias, e defendeu a prioridade para educação básica e creches. Isso irritou os parlamentares, que queriam explicações para o contingenciamento determinado pelo governo.

Diante das primeiras críticas ouvidas dos deputados Paulo Pimenta e Orlando Silva, Weintraub não ficou na defensiva e adotou um discurso também agressivo. Citou a ex-presidente Dilma Rousseff, em uma referência a manobras nas contas que levaram ao pedido de impeachment, em 2016.

Ligação telefônica e mal-entendido

O ministro também voltou a ser questionado sobre o que de fato aconteceu nessa terça, em uma conversa telefônica entre ele e Jair Bolsonaro, presenciada por um grupo de parlamentares que entenderam que o presidente havia determinado o fim dos cortes na Educação.

“Eu presenciei o presidente Bolsonaro ligar para o ministro, Major Vitor Hugo (PSL-GO) estava lá e viu também”, disse no plenário o deputado Capitão Wagner (PROS-CE). “Não vou entrar no detalhe se foi corte ou contingenciamento, foi uma determinação do presidente. Eu escutei a determinação”, disse o parlamentar.

Ao responder os questionamentos, Weintraub confirmou que houve a ligação. “Capitão Wagner, os senhores escutaram o presidente falando comigo, mas não me escutaram. Eu falei para o presidente “não há corte, há contingenciamento”, disse ele.

“Estava na explicação. Foi um mal-entendido, não foi uma mentira, o que aconteceu foi que não deu pra escutar a minha versão”, afirmou.

Em relação a outra pergunta feita por parlamentares, Weintraub respondeu que já leu o educador e pedagogo Paulo Freire, mas que “não gostou”.