Milhares vão às ruas, no RS, em defesa de verbas para a educação

Em Porto Alegre, ato se manteve tranquilo, acompanhado sem incidentes pela Brigada Militar

Foto: Fabiano do Amaral/CP

Manifestações em defesa de recursos para a educação tomaram as ruas de mais de 200 cidades dos país, além do Distrito Federal. Durante a quarta-feira, universidades e escolas também fizeram paralisações após a convocação de entidades ligadas a sindicatos, movimentos sociais e estudantis e partidos políticos, o que levou milhares de pessoas às ruas, também no Rio Grande do Sul.

A mobilização nacional ocorreu em reação ao bloqueio, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), em fim de abril, de parte do orçamento das 63 universidades e dos 38 institutos federais de ensino superior. De acordo com o governo, o contingenciamento envolveu gastos não obrigatórios, como água, luz, terceirizados, obras, equipamentos e realização de pesquisas, por exemplo.

Despesas obrigatórias, como assistência estudantil e pagamento de salários e aposentadorias, não foram afetadas, até o momento. No total, considerando todas as universidades, o corte é de R$ 1,7 bilhão, o que representa 24,84% dos gastos não obrigatórios (chamados de discricionários) e 3,43% do orçamento total das instituições.

Porto Alegre

Por volta das 14h, os manifestantes realizaram um abraço simbólico ao prédio do Instituto de Educação General Flores da Cunha, na avenida Osvaldo Aranha. Em seguida, teve início a caminhada dos estudantes, professores e funcionários de instituições de ensino rumo ao Centro da Capital. O trajeto começou na contramão na Osvaldo Aranha, com o auxílio da EPTC.

Os manifestantes seguiram em direção ao Túnel da Conceição, depois para a avenida Alberto Bins e ingressaram na rua Coronel Vicente, em direção à sede do Campus Porto Alegre do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), na esquina com a rua Voluntários da Pátria.

Após, a caminhada seguiu em direção à agência do INSS, entre a avenida Mauá e a rua Siqueira Campos, também no Centro. Na sequência o ato chegou à Esquina Democrática, onde houve uma nova concentração. A organização do ato estima que pelo menos 30 mil tenham participado da mobilização.

O caminhão de som era embalado por discursos de lideranças do movimento sindical e estudantil, entre elas a presidente do Cpers, Helenir Schürer. “As ruas de Porto Alegre pertencem à resistência. Estaremos por muitos dias nas ruas, porque este foi o início, se engana quem acha que vamos parar por aqui”, afirmou. Conforme Helenir, o sonho da educação não pode encerrar no 3º ano do ensino médio. “Seguiremos até termos a vitória. Nós queremos acabar com os cortes da educação e derrubar a reforma da Previdência”, destacou. O ato, segundo ela, também serviiu de “esquenta” para a Greve Geral de 14 de junho, organizada pelas centrais sindicais, em todo o País.

Já no fim da tarde e início da noite, a caminhada até a Esquina Democrática começou pela avenida Loureiro da Silva. Uma das pistas ficou completamente tomada pelos manifestantes. O ato se manteve tranquilo, acompanhado sem incidentes pela Brigada Militar.

Depois, estudantes e professores seguiram pela Borges de Medeiros, acompanhados de perto com trânsito bloqueado por agentes da EPTC. Após 40 minutos de caminhada desde a Faced, grupo chegou até a Esquina Democrática.

A Borges de Medeiros ficou completamente tomada de estudantes cantando palavras de ordem contra os cortes de orçamento. Protestos contra a Reforma da Previdência também apareceram nos cartazes. A manifestação, já no Largo Zumbi dos Palmares, começou a se dispersar perto das 20h30min.

Bombas pela manhã
Apesar de a concentração de alunos e professores ter sido marcada para o início da tarde, desde a parte da manhã era grande a aglomeração de público nos arredores do campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Por volta do meio-dia, houve um tumulto entre manifestantes e a Brigada Militar quando um grupo tentou bloquear o trânsito pela avenida Sarmento Leite. Três bombas de efeito moral foram arremessadas pelo Pelotão de Operações Especiais (POE) do 9º Batalhão da Brigada Militar (9º BPM). Apesar da correria, não houve registro de feridos e os manifestantes acabaram dispersando, após o tumulto.

Interior gaúcho
Em outras cidades do Estado, também foram registradas manifestações.

Santa Cruz do Sul
Na região do Vale do Rio Pardo, em Santa Cruz do Sul, o movimento ocorreu nas proximidades do Parque da Oktoberfest. Pelo menos 34 escolas da cidade participaram do ato, que também reuniu manifestantes contra a reforma da Previdência.

Frederico Westphalen
Em Frederico Westphalen, no Norte, professores e estudantes do Campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e do Instituto Federal da cidade participaram das paralisações. O grupo montou e expôs um varal de trabalhos científicos no centro da cidade.

Santa Maria
Na região Central, manifestantes interromperam, pela manhã, o acesso ao campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), liberando o fluxo apenas para ambulâncias e veículos com pacientes para o hospital universitário. À tarde, o ato prosseguiu, com a participação de professores estaduais e municipais, que se concentraram na Praça Saldanha Marinho, e se encerrou no fim da tarde, com uma caminhada pelo Centro da cidade.

Pelotas
No Sul, em Pelotas, mais de 8 mil pessoas participaram do protesto. A maioria do grupo era formada por estudantes da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). Alunos do IFSul também estiveram presentes no ato.

Passo Fundo
Também no Norte, professores estaduais se mobilizaram na área central de Passo Fundo, pedindo apoio da comunidade contra a reforma da Previdência. À tarde, participaram da sessão da Câmara Municipal e, no fim do dia, voltaram à Praça Teixeirinha, no Centro, onde se mantiveram até o fim da tarde.

Uruguaiana
Na fronteira, em Uruguaiana, o grupo se reuniu na Pracinha do Trevo, por volta das 14h. Estiveram presentes alunos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), membros do Cpers e do Instituto Federal Farroupilha (IFF). Estudantes das redes estadual e municipal também participaram.

Região Metropolitana
Na região Metropolitana, manifestações ocorreram em diversas cidades, como Alvorada, Canoas e Cachoeirinha. Professores, sindicatos e servidores marcaram presença nos atos de protesto, ao longo do dia.