Obrigação para que presos ressarçam estado vai a plenário no Senado

Substitutivo modificou a proposta original

Foto: Guilherme Testa / CP Memória

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou, nesta terça-feira, o substitutivo da senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) ao PLS 580/2015, que obriga o preso a ressarcir os gastos do estado com a manutenção dele na cadeia.

A proposta inicial, de autoria do ex-senador Waldemir Moka, chegou a ser analisada no plenário do Senado no último dia 7, mas acabou remetida à CDH, a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Na avaliação de alguns parlamentares, a imposição do pagamento pode levar o apenado a trabalhos forçados ou a piorar o processo de reintegração.

Modificações
Para resolver o impasse, o substitutivo acatou emenda sugerida no plenário pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que trata da situação do preso provisório. Nesses casos, a ausência de uma sentença definitiva deve impedir o ressarcimento e as quantias recebidas pelo estado serão depositadas judicialmente.

Os valores serão revertidos para o pagamento das despesas de manutenção somente no caso de condenação final. Em caso de absolvição, os valores depositados serão devolvidos ao preso.

Outra novidade no texto é a introdução de um teto no desconto das despesas com a manutenção do preso, caso ele não tenha condições de arcar com todo o custo. Nessas situações, o abatimento deve ser fixado em até um quarto da remuneração recebida por ele. No caso de presos sem condições financeiras, a senadora sugere a suspensão do débito por até cinco anos. Caso não haja modificação da condição econômica do devedor nesse prazo, a obrigação do pagamento da dívida fica extinta.

Ao admitir que nem sempre o estado vai ter condições dar oportunidades de trabalho para os encarcerados, o substitutivo estabelece que, nessas situações, não pode ser exigido que o detento sem recursos financeiros arque com os custos da manutenção.

Com as exceções dos presos provisórios e dos sem condição econômica, o substitutivo mantém a ideia original da proposta, prevendo o ressarcimento obrigatório ou o pagamento por meio de trabalho para aqueles possuírem recurso próprio.

O preso que tiver condições financeiras, mas se recusar a pagar ou a trabalhar deve ser inscrito na dívida ativa da Fazenda Pública. O texto também mantém emenda incluída por Simone Tebet (MDB-MS) para prever que o preso sem condições financeiras que ainda tiver restos a pagar pelos gastos seja perdoado da dívida ao ser posto em liberdade.

A matéria segue agora para votação final no plenário do Senado e, se aprovada, para a Câmara.