Justiça autoriza quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro e Queiroz

Período a ser investigado vai de janeiro de 2007 a dezembro de 2018

Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) autorizou a quebra de sigilo bancário do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e do ex-assessor dele, Fabrício Queiroz. De acordo com o jornal O Globo, que antecipou a notícia, a decisão, de 24 de abril, atende a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).

Além de Flávio e de Queiroz, terão o sigilo bancário quebrado a mulher do senador, Fernanda Bolsonaro, e uma empresa deles, Bolsotini Chocolates e Café Ltda. As duas filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn, além da mulher dele, Márcia, também terão as movimentações bancárias investigadas pelo MP.

Ainda segundo O Globo, a quebra de sigilo bancário compreende o período que vai de janeiro de 2007 a dezembro de 2018.

Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio passou a ser investigado após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentação financeira considerada atípica na conta corrente de Queiroz.

De acordo com a informação, apurada pelo jornal O Estado de S.Paulo, o relatório do Coaf apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta do ex-assessor – entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Outros 88 funcionários ou ex-funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro, da época em que ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, também terão os dados bancários analisados, conforme O Globo. Entre eles, Danielle Nóbrega e Raimunda Magalhães, irmã e mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como um dos líderes do Escritório do Crime, uma das principais milícias do Rio.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, publicada no domingo, Flávio Bolsonaro criticou a investigação do MPRJ e reclamou de perseguição. “Para que esse pedido, se meu extrato já apareceu na televisão? Eles querem requentar uma informação que conseguiram de forma ilegal”, disse.

Nesta segunda, logo após a informação de que a Justiça havia autorizado as quebras de sigilo, o senador voltou a se defender atacando o Ministério Público. “O meu sigilo bancário já havia sido quebrado ilegalmente pelo MP/RJ, sem autorização judicial. Tanto é que informações detalhadas e sigilosas de minha conta bancária, com identificação de beneficiários de pagamentos, valores e até horas e minutos de depósitos, já foram expostas em rede nacional após o Chefe do MP/RJ, pessoalmente, vazar tais dados sigilosos”, afirmou, em nota à reportagem do Estado.

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, esquivou-se de comentar, nesta segunda-feira, a quebra de sigilo de Flávio e do ex-assessor. Ele negou que o presidente tenha se referido à medida judicial na sexta-feira passada, ao citar a vinda de um “tsunami” para o governo.