O “Tá na Mesa”, encontro-almoço promovido semanalmente pela Federação das Entidades Empresariais do RS (Federasul), apresentou hoje debate acerca da reforma da previdência. Os palestrantes Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do RS (Farsul), e Igor Morais, economista-chefe e sócio da Volkin, foram enfáticos na defesa de um conjunto de reformas para a retomada da economia.
“Meu pai nasceu e virou adulto; eu nasci, cresci; meu filho nasceu, virou adulto e a gente não sai do mesmo lugar, enquanto vê países que mudaram completamente a sua configuração, em 30 anos”, alertou Da Luz. “Existem razões claras do porque alguns países mudam, e são as decisões que as sociedades tomam que fazem a diferença, como elas se organizam. A gente não precisa reinventar a roda, a gente precisa fazer o que o ser humano faz há muito tempo: copiar o que dá certo”, apontou o economista.
Além disso, ele disse não acreditar em uma só reforma, mas em uma série delas, “desde as micro até as macro-alterações”. Disse ainda que as reformas não podem ser de um ou de outro governo, mas de “enfrentamento necessário a toda sociedade”. Mencionou também que o sistema previdenciário é injusto e inadequado às condições geográficas de uma sociedade que está envelhecendo.
Sobre a questão da previdência e o trabalho no campo, Da Luz apontou que o sistema atual é defasado e mal-gerido. “As pessoas que trabalhavam no campo no século XX trabalhavam com foice e machados, hoje elas trabalham com seus cérebros. Não é viável que eu ache que as mesmas regras que foram criadas para proteger pessoas com trabalho físico exaustivo sigam valendo para quem agora usa muito mais o cérebro do que os músculos.” Ainda sobre a questão previdenciária no campo, afirmou que hoje a arrecadação é significativa e autossustentável, mas sem vazão para sustentar os que vieram antes.
Sobre o sistema tributário, afirmou que “é do tempo da inflação”, e que as empresas investem mais em direito tributário do que em engenharia e inovação. É preciso organizar o ambiente empresarial de forma a fazer os gastos serem mais inteligentes”, afirmou, reiterando que “as reformas não devem ser para gestores A ou B, mas para o país.”
Já Igor Morais garantiu que o momento não é de se falar em redução de impostos, em virtude do déficit no setor público. Martins explica que há algumas décadas houve superávit nas contas dos acumulados dos anos, momento propício para se buscar um corte de taxas, o que não ocorreu.
Além disso, Morais relembrou os problemas do país no que tange aos postos não-oficiais de trabalho. “O Brasil tem hoje uma dívida histórica de uma sociedade informal muito grande e que se anexou à Previdência. Se for feita reforma que elimina a possibilidade de renda dessas pessoas, para onde elas vão? Temos que discutir levando em consideração essa gente”, afirmou.