“Tabelamento do frete é o pior remédio”, adverte ex-ministro da Agricultura

Além de diesel mais barato, caminhoneiros querem que ANTT redobre fiscalização

Foto: Alina Souza / CP

O ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Roberto Rodrigues afirmou, nesta quinta-feira, em entrevista à Rádio Guaíba, que o cumprimento do tabelamento do frete impacta negativamente na economia nacional.

O alerta vai na contramão do que exigem os caminhoneiros – preço menor do diesel e melhora na fiscalização da tabela, adotada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) desde o fim da greve da categoria, em 2018.

Em entrevista ao Guaíba Correio Rural, Rodrigues classificou a paralisação dos caminhoneiros como “uma tragédia para a economia”, sobretudo em setores do agronegócio como aves, suínos e rações. Mesmo assim, lembrou que os freteiros também foram afetados negativamente.

“O tabelamento do frete foi o pior remédio possível. Em um país democrático e liberal, como hoje é o nosso, o tabelamento é a contramão desse processo todo. É preciso criar outras formas de gestão do frete dos caminhoneiros, que reduzam os custos deles, mas que não impliquem em um tabelamento que imobilize o setor, aumentando custos para todo mundo. O tabelamento do frete não é uma solução, é uma anti-solução”, adverte.

Nessa quarta-feira, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, anunciou uma alta de R$ 0,10 por litro do óleo diesel, seis dias após a estatal ter voltado atrás no último aumento, após determinação do presidente Jair Bolsonaro. Após o reajuste, grupos de caminhoneiros voltaram a aventar a hipótese de paralisação.

Durante a semana, o Planalto anunciou um pacote visando qualificar a malha viária e facilitar o crédito a caminhoneiros que precisem comprar pneus ou fazer a manutenção do veículo, mas as medidas não foram suficientes para acalmar o setor.