O ex-presidente do Peru Alan García, alvo de uma investigação por corrupção relacionada à Odebrecht, morreu nesta quarta-feira após cometer suicídio durante uma operação da Polícia Nacional.
O ex-chefe de Estado, de 69 anos, estava internado no Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima, depois de atirar contra a própria cabeça ao saber que seria preso em sua casa. Ele passou por uma cirurgia de emergência, mas não resistiu ao ferimento e faleceu depois de sofrer três paradas cardiorrespiratórias.
Segundo informações do jornal El Comercio, do Peru, agentes da Divisão de Investigação de delitos de Alta Complexidade foram até a casa de García logo depois que o Judiciário autorizou a sua prisão temporária por um prazo de 10 dias.
A partir daí, conforme um dos advogados do ex-presidente, Erasmo Reyna, o dirigente decidiu atirar contra si mesmo. García esteve na presidência do Peru em dois mandatos: de 1985 a 1990 e, mais recentemente, de 2006 a 2011.
Ordens de prisão
Outros dois políticos também receberam ordens de prisão hoje (17), Luis Nava, ex secretário geral da Presidência no governo Alan García, e Miguel Atala, ex-vice-presidente da PetroPerú.
Ontem (16), em sua conta no Twitter, García escreveu que “como em nenhum documento sou mencionado e nenhum indício nem me evidencia nem me alcança, só resta especulações ou que inventem intermediários. Jamais me vendi e está provado”.
García está sendo investigado pelo Ministério Público do Peru, e impedido de deixar do país. Ele vivia em Madri desde 2016 e, no ano passado, quando estava no Peru, recebeu a ordem de que não poderia deixar o país por 18 meses, para assegurar a sua presença no processo.
Em dezembro do ano passado, García pediu asilo político ao Uruguai, alegando perseguição política, mas teve o pedido negado. À época, o presidente uruguaio Tabaré Vázquez afirmou que o caso de García não era perseguição política e que, no Peru, “funcionam autônoma e livremente os três poderes do Estado, especialmente o Poder Judiciário”.
Quatro ex-presidentes na mira
A suposta relação de García com esquemas de suborno era investigada pela procuradoria especial da Lava Jato. Além de García, a investigação mira outros três ex-presidentes do Peru. Pedro Pablo Kuczynski teve a prisão preventiva solicitada recentemente. Alejandro Toledo e Olanta Humala são os outros dirigentes que teriam participado dos crimes apurados.
García estava proibido de deixar o Peru. Humala e Kuczynski estavam nesta mesma condição. Toledo conseguiu fugir para os Estados Unidos, mas atualmente enfrenta um pedido de extradição. A Odebrecht admitiu na justiça americana que pagou 29 milhões de dólares em subornos durante três governos peruanos, incluído o segundo de García. Em dezembro passado, a empreiteira fechou um acordo de cooperação pelo qual aceitou pagar uma multa ao Estado peruano e a entregar provas que podem comprometer ainda mais os quatro ex-presidentes e outros políticos e funcionários peruanos.