Bolsonaro janta com embaixadores árabes após tensão comercial

Presidente disse que governo está "de braços abertos" a todos os países

Foto: Alan Santos/PR

Em um jantar com embaixadores de países islâmicos, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou hoje que as relações comerciais dessas nações com o Brasil devem se traduzir cada vez mais em laços de amizade e respeito. Em discurso, Bolsonaro acrescentou que o governo federal está “de braços abertos” a todos os países.
“Que esses laços comerciais cada vez mais se transformem em laços de amizade, de respeito e de fraternidade”, afirmou, em vídeo divulgado pelo Palácio do Planalto.

O jantar, organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). reuniu 37 embaixadores de países islâmicos, os ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, além do presidente da CNA, João Martins.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, ressaltou que o governo está determinado a construir relações com todos os países, valorizando o papel do agronegócio no comércio exterior.

Aproximação
O encontro ocorre após a visita de Bolsonaro a Israel e o anúncio da abertura de um escritório de negócios em Jerusalém. A aproximação do governo brasileiro com Israel e a promessa de Bolsonaro de transferir a embaixada do país para Jerusalém gerou tensão entre os os países islâmicos, aliados da Autoridade Nacional Palestina.

O chanceler Ernesto Araújo negou desentendimentos por parte do governo em relação aos países islâmicos e disse que o jantar comprovou a existência do bom relacionamento. “Neste governo nunca houve gelo, mas claro que é sempre importante que mostremos na prática que certas coisas que se especulam não existem”, afirmou.

Comércio
De acordo com a CNA, a intenção do evento é fortalecer as parcerias comerciais entre o agronegócio brasileiro e o mundo islâmico, hoje na 3ª posição entre os principais importadores do país. Em 2018, as exportações para essas nações somaram US$ 16,4 bilhões.

“Nós, produtores, não podemos hoje ficar restritos a determinada região e determinado país”, destacou João Martins, informando que a “página está virada” sobre um eventual mal-estar que tenha ocorrido.

Internacional
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse que o encontro serviu para “quebrar o gelo” na relação diplomática. Para ele, o conflito entre Israel e palestinos é tema de política interna.

“Esse conflito não é do Brasil. Vamos manter as boas relações com o Brasil e desejamos ao Brasil o melhor”, afirmou o embaixador, que classificou o encontro como “ameno”.

“Esta foi uma oportunidade única para quebrar o gelo depois que uma série de notícias que não fizeram bem para as nossas relações bilaterais”, acrescentou.

A cidade de Jerusalém está na disputa entre palestinos e israelenses, já que para os dois lados o local é considerado sagrado.

Segundo dados da CNA, o agronegócio brasileiro foi responsável por 73% das exportações brasileiras para os países islâmicos no ano passado. O recorde de exportações ocorreu em 2017, quando foram exportados US$ 19,1 bilhões.

Em 2018, o açúcar de cana bruto liderou as exportações com US$ 3,8 bilhões em vendas, seguido do milho, da carne de frango in natura, da soja em grãos e da carne bovina in natura.

Para serem exportados, alguns produtos, como as proteínas de origem animal, devem passar por procedimentos de abate que seguem os preceitos muçulmanos, o que configura a chamada proteína halal.

No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,32 bilhões em carne de frango e US$ 1,52 bilhão em carne bovina para esses países. O volume de produção coloca o país como o maior exportador de proteína halal do mundo.

O bloco muçulmano também ocupa a 6ª posição entre os que mais vendem produtos do agronegócio ao Brasil, atrás da Argentina, União Europeia, Estados Unidos, Chile e China.

No ano passado, o Brasil importou pouco mais de US$ 1 bilhão em produtos da região, com destaque para o óleo de dendê ou palma, produtos têxteis de algodão e borracha natural.