As mulheres gestoras de cidades são poucas e estão à frente das localidades pequenas e mais pobres, concluiu a pesquisa “Perfil das prefeitas no Brasil – mandato 2017-2020”, realizada pelo Instituto Alziras e apresentada nesta segunda-feira em Brasília. De acordo com o painel, organizado pelo Movimento Mulheres Municipalistas (MMM), existem 649 prefeitas no país, governando 11,7% dos municípios brasileiros, mas apenas 7% da população. O Espírito Santo é o estado com pior índice de participação de mulheres na chefia do poder executivo local, com apenas 5,1% de mulheres. O estado é seguido pelo Rio Grande do Sul e por Minas Gerais, com 6,2% e 7,6%, respectivamente.
Enquanto 50% dos prefeitos concluíram o ensino superior, 71% das lideranças femininas terminaram a graduação. “É um indicador de que as mulheres, para se firmarem como capazes em certos espaços, devem se capacitar mais e mostrar mais preparo”, analisou a representante do Instituto, Michele Ferreti. Das prefeitas em exercício, 91% foram eleitas em locais com até 50 mil habitantes e 88% já tinham atuação política. Para 85% delas, as áreas de educação e saúde são prioridade, seguidas pela gestão e administração pública.
“A pesquisa mostra que, em um lugar com prefeitas mulheres, aumenta o número de candidatas e eleitas no ano seguinte, além do secretariado”, disse. Apenas uma capital brasileira é governada por uma mulher eleita diretamente ao cargo de chefe do Executivo, Boa Vista (RR).
Durante o período de desincompatibilização de prefeitos para concorrerem às eleições de 2018, Palmas (TO) e Rio Branco (AC) também passaram a contar com prefeita, já que as vices assumiram a gestão. Dos 309 municípios brasileiros acima de 100 mil habitantes, somente 21 são governados por mulheres, sendo os maiores, Rio Branco (AC), com quase 384 mil habitantes, e Caruaru (PE), com 356 mil.
Conforme Michele, o quadro reforça a necessidade de fortalecer a atuação feminina na política. Entre as dificuldades relatadas, estão assédio ou violência política, falta de recursos para a campanha, e falta de espaço na mídia. “Infelizmente, vivemos em um país extremamente violento. São mais de 60 mil homicídios por ano e devemos pensar nas políticas considerando um recorte racial e de gênero, pelas diferenças no perfil das vítimas”, lamentou a consultora da ONU Mulheres, Aline Yamamoto, também presente ao evento.