A força tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo denunciou hoje o ex-presidente da República Michel Temer pelo crime de lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, o ex-presidente utilizou dinheiro de corrupção e de desvios da obra da Usina de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), para pagar a reforma na residência da filha, Maristela Temer, no valor de R$ 1,6 milhão. A obra ocorreu de 2013 a 2015.
Além de Temer e da filha, também foram denunciados João Batista Lima Filho, o coronel Lima, e Maria Rita Fratezi, esposa do coronel, ambos sócios-proprietários da Argeplan, considerada a responsável pela maioria dos pagamentos da obra. Todos foram denunciados por lavagem de dinheiro.
O MPF salienta que o escritório da Argeplan, na vila Madalena, zona oeste da capital, foi o local de entrega de duas remessas de propina pagas em 2014 pela JBS e pela empreiteira Odebrecht, no valor somado de R$ 2,4 milhões.
Nesta terça-feira, Temer, o coronel Lima e o ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco se tornaram réus por desvios em obras da Usina Angra 3 após o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal, aceitar duas denúncias contra os acusados feitas na semana passada pelo Ministério Público Federal no Rio. Eles responderão por corrupção passiva, peculato (quando funcionário público tira vantagem do cargo) e lavagem de dinheiro. Temer já é réu em processo por corrupção envolvendo o grupo JBS – conhecido como o caso da mala.
Nas duas denúncias oferecidas pelo MPF, o desvio calculado é de R$ 18 milhões das obras de Angra 3, além de pagamento de propina de R$ 1,1 milhão. Também viraram réus o coronel Lima e o ex-ministro Moreira Franco.