O caso da ameaça de ataque a uma escola da rede Marista, em Porto Alegre, poderá ter desdobramentos, segundo o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado André Anicet. Ele explicou nesta quinta-feira que um dos objetivos é chegar até a autoria da postagem que circulou em grupos de WhatsApp e deixou professores, pais e alunos em alerta.
Ainda que se trate de uma brincadeira, Anicet observou que é crime tanto fazer ameaças como espalhar boatos que causem pânico. O responsável, inclusive, poderá até ser enquadrado por terrorismo. “É melhor prevenir”, lembrou o titular da DRCI ao referir-se ao trabalho investigativo. Qualquer informação pode ser repassada, mesmo sob anonimato ao disque denúncia 0800-510-2828.
Hoje, cinco colégios e 12 unidades sociais do grupo amanheceram com segurança reforçada na Capital. Uma das instituições, o Colégio Rosário, localizado na área central da cidade, recebeu apoio de policiais militares e civis fortemente armados. Além disso, a própria escola designou mais seguranças particulares para proteger o local de um eventual ataque.
Reforço deve se repetir amanhã
O aparato de segurança deverá ser repetido nesta sexta-feira. A possibilidade foi comentada pelo comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Luciano Moritz. “O objetivo é tranquilizar a comunidade escolar”, declarou. O oficial enfatizou ainda que as forças de segurança estão “atentas e vigilantes”. Durante a manhã, em frente ao Rosário, os estudantes, muitos trazidos pelos pais, ingressavam rapidamente para dentro do prédio. Uma aluna até falou a reportagem que apenas oito pessoas da turma dela se dirigiram ao colégio para assistir às aulas. Ela relatou ainda que acabou saindo mais cedo.
Transporte constata queda no número de alunos
A ausência considerável de alunos foi percebida por motoristas do transporte escolar que, diariamente, trazem e levam cerca de 450 alunos com uma frota de 15 veículos. Motorista há 32 anos nesta atividade, Dagoberto Nukierchen de Deus, constatou uma redução de 90% do movimento nesta quinta. “Sempre levo 18 alunos, mas hoje trouxe um só”, revelou, acreditando que muitos pais ficaram em dúvida e preferiram “não correr algum risco com os filhos”. Tranquilo com a presença policial na frente do Rosário, ele disse que sempre pensa na proteção dos alunos que transporta todos os dias. “Os pais confiam”, frisou.
Ufrgs e a ameaça de atentado
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) também foi alvo de ameaças de um atentado. Na ocasião, integrantes de um fórum da Deep Web mencionaram a hipótese de um ataque no Campus do Vale. Agentes da Polícia Federal e até da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) foram mobilizados. No dia seguinte, dia 21 de março, a segurança no local foi reforçada pela Brigada Militar. Alunos, porém, relataram preocupação com a ideia de um ataque na instituição.
Roca Sales
Há uma semana, uma adolescente, de 17 anos, foi apreendida como suspeita de orquestrar um ataque contra uma escola de Roca Sales, no Vale do Taquari. O alvo seria a Escola Estadual de Educação Básica Padre Fernando. Conforme o titular da Delegacia de Polícia da cidade, delegado Alex Assmann, ele foi acionado por uma professora. “Ela entrou em contato com a informação de que uma aluna teria uma arma e estaria planejando alguma coisa na escola”, explicou na ocasião.
A docente foi alertada por uma estudante, amiga da garota apreendida, que havia recebido mensagens via WhatsApp com fotos de uma arma de fogo e referências a um atentado. Além da adolescente, uma pistola 9mm foi apreendida pela Polícia Civil.