Em Porto Alegre, Dilma rechaça alimentar terceiro turno dizendo ser “democrata, e não golpista”

Ex-presidente também evitou fazer conjecturas sobre possível afastamento de Bolsonaro, antes do fim do mandato

Foto: Leandro Molina

Embora os ânimos permaneçam aflorados em meio à polaridade política no Brasil, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) rechaçou, nesta terça-feira, qualquer possibilidade de se fomentar um “terceiro turno” das eleições após avaliar, brevemente, o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL), em Porto Alegre. Segundo a petista, não é cabível, neste momento, projetar um eventual afastamento dele, caso a atual gestão não dê certo. “Não vou fazer aqui prognóstico de queda de presidente legitimamente eleito. Eu sou uma democrata, não sou uma golpista”, reforçou.

Dilma também apelou para que a população não deixe que sejam banalizados os mecanismos de impedimento de mandato. “Este país não pode se habituar e se viciar em golpes. O meu golpe foi sem crime de responsabilidade”, reiterou, dizendo que o atual presidente só pode ter a gestão interrompida se algo nesse sentido ficar devidamente comprovado.

Em agenda na Assembleia Legislativa, a ex-presidente também garantiu que não guarda mágoas do sucessor, Michel Temer (MDB), mesmo após a prisão e a soltura do emedebista, acusado pelo Ministério Público Federal de liderar uma organização criminosa que atuou por mais de 40 anos. “Uma das coisas mais terríveis é uma pessoa querer se vingar de outra de alguma forma. Eu não tenho sensação de alegria. Eu acho que se ele cometeu delitos, eles devem ser levados a Justiça. (Mas) há de se respeitar os ritos legais e constitucionais”, pontuou.

Por fim, a ex-presidente ironizou a influência do pensador e ensaísta Olavo de Carvalho em ações do governo Bolsonaro. Questionada sobre as recomendações dadas pelo “guru” do atual presidente, Dilma apenas ensaiou uma gargalhada.

Ao lado da ex-ministra de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, Dilma participou de uma solenidade, no Parlamento gaúcho, no início da tarde. O ato agraciou Eleonora com a Medalha do Mérito Farroupilha, maior distinção concedida pela Assembleia. Dilma preferiu não discursar no evento para não tirar o protagonismo da ex-ministra.