Temer fica em silêncio durante interrogatório na Polícia Federal

TRF2 informou que os pedidos de habeas corpus só vão ser julgados pela 1ª Turma, na próxima quarta-feira

Foto: Carolina Antunes / PR / Divulgação

O ex-presidente Michel Temer permaneceu em silêncio durante interrogatório, hoje, na Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, onde está preso desde ontem. Foi o que informou, nesta sexta-feira, a procuradora da República Fabiana Schneider, integrante da força-tarefa da Lava Jato no Rio.

Segundo Fabiana, dos oito presos na operação, apenas o ex-ministro Moreira Franco aceitou falar, negando ter recebido ou oferecido propina. De acordo com a procuradora, Temer apenas informou, por meio dos advogados, que não pretendia falar.

Questionada se os fundamentos dos mandados de prisão eram suficientemente sólidos para justificar a prisão de Temer, Moreira e os demais presos, Fabiana disse que sim, por se tratar de membros de uma organização criminosa estável, que vinha ocultando patrimônio e atuando há cerca de 40 anos.

“A força-tarefa do Rio de Janeiro tem sido bastante comedida nos seus pedidos de prisão. Se não houvesse motivos suficientes para prisão preventiva, com toda certeza, nós não faríamos esses pedidos. Nós estamos absolutamente convencidos da necessidade da manutenção da prisão. A gente está falando de uma organização criminosa que assalta o erário há quase 40 anos, em valores muito superiores aos quais estamos acostumados, de R$ 1,8 bilhão, pelo menos”, disse Fabiana.

Segundo a procuradora, uma eventual soltura dos presos, por força de habeas corpus impetrados no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) pode atrapalhar as investigações.

O TRF2 informou que os pedidos de habeas corpus só vão ser julgados pela 1ª Turma, na próxima quarta-feira. “Não é a expectativa que nós temos. Gostaríamos que o nosso pedido continuasse vigente, mas aí é o entendimento de cada magistrado. Pode atrapalhar, tanto que a força-tarefa pediu a prisão”, afirmou Fabiana.

O desembargador Ivan Athié examina os pedidos de habeas corpus de Michel Temer, do ex-ministro Moreira Franco, do coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, João Batista Lima Filho e da mulher dele, Maria Rita Fratezi.

Todos foram presos ontem na deflagração da Operação Descontaminação, um desmembramento das operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade, fases da Operação Lava Jato. As investigações apontaram crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.

O pedido de habeas corpus do ex-presidente Temer chegou ainda ontem. Já os outros foram protocolados hoje.