“Não sabemos se vamos voltar para casa”, relata estudante após ameaças de ataque na Ufrgs

Na tarde de ontem, circularam nas redes sociais imagens sugerindo que um grupo de jovens estaria planejando um ataque no Campus do Vale

Campus do Vale ganhou reforço na segurança nesta quinta-feira | Foto: Álvaro Grohmann / Especial / CP

A estudante do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Liane Carvalho, relata que está se sentindo insegura no Campus do Vale, nesta quinta-feira, um dia depois de ameaças de ataque na instituição de ensino. Na tarde de ontem, circularam nas redes sociais imagens sugerindo que um grupo de jovens estaria planejando um ataque no campus. Uma das mensagens compartilhada mostra que a intenção era “exterminar mulheres de (cursos de ciências) exatas e negros”.

“Ficamos inseguros. É complicado chegar aqui e não saber se vamos voltar para casa, encontrar a família, não sabemos o que pode acontecer. A gente sofre racismo indiretamente todos os dias. É difícil conviver com isso, todo dia é uma coisa diferente”, comenta a estudante.

A assessoria de imprensa da Ufrgs disse, hoje, que a rotina permanece a mesma na Universidade. Entretanto, Andrielle Rodrigues, estudante de Letras, relata que sua mãe pediu para que ela não fosse para a aula.

“Ontem tocaram o terror. Soubemos por um grupo de WhatsApp, todos ficaram com medo. Várias pessoas foram embora, mas eu tenho Bolsa [de Iniciação Científica] e tive que ficar até às 20h30. Eu tive colegas que ficaram comentando de pessoas que foram ao banheiro, mexeram na mochila, a gente fica desconfiando de todo mundo. Isso acabou de acontecer em São Paulo, ficamos sem saber no que acreditar. Minha mãe não queria que eu viesse hoje, mas eu quis vir igual, meus amigos decidiram vir. Mas eu avisei minha mãe que se houvesse alguma situação suspeita eu iria para casa”, diz.

A estudante de Engenharia Civil Jeniffer Ramos, comentou sobre o clima de insegurança que tomou conta da sala na qual estava, ontem. “Recebi os prints durante uma aula de física e não consegui mais prestar atenção em nada. A minha vontade era de ir embora. Eu acabei ficando, mas estava com bastante medo. Depois, fui ao restaurante universitário e todo mundo estava com medo, como tem muita gente lá, pensamos que seria um alvo fácil. Eu me sinto mais tranquila hoje, já que está sendo feito algo a respeito. Mas se for acontecer algo, mesmo com segurança, seria difícil evitar”.

A Brigada Militar informou que uma viatura fará rondas pelo campus durante o dia e um brigadiano deve ficar na entrada do local. Já a Polícia Federal esclareceu que nenhum suspeito foi preso até o momento, ao contrário do que alguns estudantes acreditavam.

*Com informações do repórter do Correio do Povo, Álvaro Grohmann.