A primeira estimativa de custo total de produção de trigo fechou em R$ 2.820,81 por hectare com produtividade de 50 sacas. Se considerado somente o desembolso, o produto terá um gasto de R$ 2.029,83 por hectare O número consta em estudo técnico realizado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) e divulgado nesta quarta-feira, 20 de março de 2019. Ao preço de R$ 41,73 a saca, com base no mês de março de 2019, cobre apenas 73,96% do custo total ficando descoberto R$ 14,69 por saca. Já considerando só o desembolso, a rentabilidade é de 2%.
O número considera o valor de mercado. Se o produtor vender pelo preço mínimo trigo pão tipo 1 por R$ 40,57 a saca, o prejuízo aumenta para R$ 15,85 por saca em relação ao custo total. Para cobrir este custo total, o produtor precisará produzir 67,6 sacas, ou seja 4.056 quilos por hectare do cereal, com base no preço de mercado de R$ 41,73 e necessitará colher 69,53 sacas ou 4.171 quilos por hectare se vender pelo preço mínimo trigo pão tipo 1 atual.
O ítem de maior peso no custo de produção é o dos insumos, que representa 41,8% do total. Dentro desta categoria, os fertilizantes chegam a 22,7% da composição do valor enquanto as sementes ficam em 10,69%. Comparando com o preço de mercado entre março de 2019 em relação a março de 2018 o preço do trigo teve alta de 35,88%, passando de R$ 30,71, para o atual preço de R$ 41,73, melhorando o resultado. Já o preço mínimo do trigo aumentou em 12,16% em relação ao ano anterior. A receita prevista para o trigo é de R$ 2.086,50 por hectare superando em R$ 56,67 por hectare o custo variável operacional de R$ 2.029,83 e remunera 83,05% levando em conta o custo variável operacional mais os custos fixos de produção do trigo de R$ 2.512,81 safra 2019.
O presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, destacou que as preocupações dos produtores para a safra que se avizinha são o crédito agrícola e o custo de produção. Lembra que nos últimos cinco anos se aumentou a produtividade do trigo em 1,2 mil quilos por hectare, fechando o último bom ano da cultura em 3,2 mil quilos por hectare. “Mas não conseguimos aumentar a rentabilidade. Isto quer dizer que o nosso custo subiu muito e isto inviabiliza a produção no Rio Grande do Sul”, observa.
Pires observa que para isso é necessário exportar trigo de forma a dar liquidez à safra. Dentro deste tema, também foi divulgado o resultado do terceiro ano da alternativa de trigo para exportação, organizado pela FecoAgro/RS em parceria com a Embrapa Trigo, de Passo Fundo (RS). O custo de produção médio das áreas experimentais teve uma redução 21% nas áreas pesquisadas da Cotricampo, em Campo Novo (RS), Cotrirosa, em Santa Rosa (RS), Cotripal, de Panambi (RS), Coopatrigo, de São Luiz Gonzaga (RS), e uma área experimental da Embrapa Trigo, em Coxilha (RS).
A pesquisa de preços foi realizada junto aos departamentos técnicos das cooperativas e em pontos de venda de máquinas e equipamentos na região de produção. O estudo lembra que cada unidade de produção e região possuem características de solo e nível tecnológico distintos e que este estudo sinaliza uma estimativa de custo e rentabilidade dentro de uma tecnologia considerada média.