O perito Luiz Gabriel Passos, contratado pela defesa de Leandro Boldrini, usou uma tela com um projetor para os jurados e a promotoria terem uma visão das assinaturas, disse ter se debruçado, por exemplo, sobre características da assinatura utilizada na receita do Midazolam, que seria o remédio utilizado no assassinato de Bernardo, e procurou mostrar que a grafia não obedecia a padrões de outras assinaturas do médico.
O perito mostrou, em um dos momentos, o que seria “ponto anormal de parada”, que não existiria em outras assinaturas do médico. Ele afirmou que flagrou o detalhe com auxílio de microscópio, pois a olho nu o carimbo o esconde. A avaliação serviu para embasar a afirmação de que a assinatura não era de Leandro Boldrini. “No momento que encontramos sete hábitos gráficos da assinatura de Leandro Boldrini e nenhum deles se encontra na rubrica questionada, não tem outra conclusão a fazer senão que a assinatura questionada não proveio do punho do médico. Foi uma imitação”, afirmou o perito.
O laudo, porém, chegou a ser questionado pelo promotor do caso. A testemunha e o promotor de Justiça chegaram a discutir por alguns momentos. Foi necessária a intervenção da juíza para que os ânimos ficassem mais calmos. Mais algumas explanações e a sessão foi interrompida.
“O doutor não fez nada contra o filho”
No terceiro dia de julgamento do assassinato de Bernardo Boldrini foram ouvidas três testemunhas de defesa na parte da manhã. Outros três depoimentos que estavam previstos foram dispensados. O primeiro a falar foi Luiz Omar, que trabalhou para o pai do menino. Ele explicou que prestava serviços gerais em uma propriedade rural adquirida por Leandro Boldrini, quando ele ainda era casado com Odilaine Uglione, mãe de Bernardo. O ex-funcionário disse que se sentia grato ao patrão por este ter atendido ao seu filho gratuitamente. “Se ele tivesse feito alguma coisa contra o Bernardo, eu narraria sem problema”, afirmou Omar. O momento tenso ocorreu quando a testemunha comentou sobre o passado da mãe de Bernardo. A manifestação foi interrompida pela juíza que questionou se eram “fofocas”. A testemunha afirmou que “não eram fofocas”.
Novo momento de tensão ocorreu quando o advogado de Edelvânia, Jean Severo, chegou a chamar a testemunha de “mentirosa”. Omar havia pedido para o representante da ré parar de gritar e este se exaltou mais. “Liga pra comissão da OAB”, disse antes de sair da sala.
A segunda testemunha foi a professora de Leandro Boldrini, Maria Lúcia Cremonese. Ela disse conhecer o médico desde pequeno. “O avô paterno de Bernardo nunca teve um gesto de carinho para com Leandro. Hoje o chamaríamos de ogro”, disse a mulher, antes de ser dispensada. Após o depoimento, a defesa abriu mão de três testemunhas: dois irmãos de Leandro Boldrini e sua cunhada.