O Rio Grande do Sul é o único grande estado brasileiro que deve registrar elevação na produção de soja, podendo chegar a 19 milhões de toneladas, com incremento superior a 10% na comparação com a safra anterior. A projeção foi feita hoje pela manhã pelo consultor André Pessôa durante o 30º Fórum Nacional da Soja, realizado no auditório central da 20ª Expodireto Cotrijal.
Falando para um recinto lotado, o especialista destacou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou mais um boletim de produção, puxando a previsão nacional para baixo, mas colocando o Rio Grande do Sul com 18,6 milhões de toneladas, 9% a mais em relação ao ano agrícola anterior.
Pessôa confirmou que o país terá uma safra menor e enfrenta um cenário desafiador para a comercialização deste ano. “Poucas vezes me decepcionei com tantas incertezas como as que surgiram desde meados do ano passado”, destacou. Na sua avaliação, o Brasil foi beneficiado com a guerra comercial entre Estados Unidos e China em 2018, situação que poderá não se repetir neste ano.
No ano passado, segundo o sócio-diretor da Agroconsult, o Brasil exportou “extraordinárias” 83,6 milhões de toneladas, volume que não se repetirá neste ano. “A guerra entre os dois países poderá terminar, o que representará a queda nas exportações brasileiras. Enquanto os Estados Unidos terão estoques de 22 milhões de toneladas, o Brasil reduzirá significativamente os seus”, ponderou.
Outra vantagem desfrutada pelos produtores gaúchos é relativa ao ritmo de vendas. Segundo Pessôa, o Brasil já negociou cerca de 50% da safra, sendo a liderança do Mato Grosso com 60%, seguido do Paraná com 27%. “O Rio Grande do Sul está com muita soja para ser vendida e isso pode ser uma vantagem”, disse, ressalvando que, em um ambiente de incertezas como o atual, os riscos são também elevados.
As revoluções tecnológicas da cultura
Na avaliação agrônomo e professor Elmar Luiz Floss, também painelista do Fórum, a soja foi a cultura que mais cresceu no mundo entre 1976 e 2017 (512,86%, sendo a mais importante do Brasil e do Rio Grande do Sul e hoje a maior fonte de proteína vegetal.
Ele citou o trabalho da Conab com dez importantes culturas do país, cultivadas em 60,223 milhões de hectares na safra 2017/2018, sendo 35,149 milhões de hectares com soja. A produção total daquele ano foi de 223,7 milhões de toneladas, cabendo à soja um volume de 119,3 milhões de toneladas. Em relação ao rendimento, a soja passou de 1.628 quilos/hectare no ano agrícola 1976/77 para 3.396 quilos/hectare na safra 2017/18.
“Será que não poderíamos ter avançado mais?”, perguntou Floss para a plateia. Como resposta, citou que entidades e cooperativas fizeram a sua parte por meio de revoluções tecnológicas, como a correção ao solo e a implantação do plantio direto. “Onde tem palha não tem erosão. O maior patrimônio do produtor é o solo e não as benfeitorias e o maquinário”, disse.
Outras revoluções, na visão do especialista, seriam a adubação racional e equilibrada e a agricultura de precisão. “Estamos vivendo a agricultura de informação e da digitalização. Este é o caminho do avanço”, destacou.
O fórum contou com as presenças do presidente do Cotrijal, Nei Manica, do vice-presidente da cooperativa, Enio Schroder, do presidente da FecoAgro, Paulo Pires, e do presidente da CCGL, Caio Vianna. Os ex-presidentes da Fecotrigo, Odacir Klein e Rui Polidoro Pinto, foram homenageados com uma placa pelos 30 anos do Fórum Nacional da Soja.