Impulsionada pelo aumento dos preços do feijão e da batata, a cesta básica de Porto Alegre ficou mais cara e passou a custar R$ 449,95. O valor é 1,88% maior do que o obtido em janeiro e representa 49,01% do salário mínimo líquido nacional, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Conforme os dados, a cesta da Capital gaúcha é a terceira mais cara do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, cujos valores foram, respectivamente, de R$ 482,40 e R$ 464,40.
Para conseguir adquirir os bens alimentícios básicos, o trabalhador baseado em Porto Alegre com rendimento de um salário mínimo necessitou cumprir uma jornada de 99 horas e 11 minutos. Na passagem de janeiro para fevereiro, dos 13 produtos que compõem o conjunto de gêneros alimentícios essenciais previstos, nove ficaram mais caros: o feijão (24%), a batata (14,47%), a manteiga (4,87%), o leite (3,16%), o arroz (2,64%), a carne (1,10%), a farinha de trigo (0,81%), a banana (0,49%) e o óleo de soja (0,49%). No sentido inverso, apenas quatro itens ficaram mais baratos: o tomate (-9,38%), o açúcar (-1,69%), o café (-0,52%) e o pão (-0,11%).
Custo aumenta em 17 capitais
Em fevereiro de 2019, o custo do conjunto de alimentos essenciais subiu em 17 das 18 capitais inseridas na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. A exceção foi Belém, onde houve queda de -0,27%. As altas mais expressivas ocorreram em Recife (7,88%), Natal (6,75%), Aracaju (6,46%) e Vitória (5,97%).
Com base na cesta mais cara, que, em fevereiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. O salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.052,65, ou seja, 4,06 vezes o mínimo atual de R$ 998.
Feijão é o grande vilão
De acordo com DIEESE, o principal responsável pelos aumentos, o preço do feijão subiu em todas as capitais, em fevereiro de 2019, tanto no tipo carioquinha quanto no preto. A baixa oferta do primeiro tipo pode ser explicada, de acordo com o texto do órgão, pela redução da área plantada, uma vez que os produtores migraram para outros plantios, como a soja e o milho, e por problemas climáticos, que diminuíram a qualidade do grão e provocaram a redução da área semeada. Isso explicaria a alta no varejo. Já o preço do feijão preto teria aumentado devido à maior demanda, uma vez que parte dos consumidores substituiu o carioquinha por ele.