Caso Bernardo: júri popular começa nesta segunda-feira

Quatro réus respondem por homicídio e ocultação de cadáver

Imagem: Arquivo Pessoal

O início do julgamento do assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, morto aos 11 anos, está previsto para a próxima segunda-feira, no Tribunal do Júri de Três Passos. A expectativa do Ministério Público gaúcho é que os quatro réus sejam condenados às penas máximas previstas para os crimes dos quais são acusados. A acusação ficará a cargo do promotor de Justiça Bruno Bonamente.

O pai de Bernardo, Leandro Boldrini, será julgado por homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, motivo fútil, emprego de veneno e dissimulação) contra vítima menor de quatorze anos, ocultação de cadáver agravada por motivo torpe, para assegurar a impunidade do crime de homicídio e contra criança, bem como pelo crime de falsidade ideológica agravada por motivo torpe, para assegurar a impunidade do crime de homicídio e contra criança. Graciele Ugulini, madrasta do menino, também responderá pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver triplamente agravada.

A amiga de Graciele, Edelvânia Wirganovicz vai responder por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de veneno e dissimulação) e ocultação de cadáver triplamente agravada, enquanto que o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, é acusado de homicídio duplamente qualificado (emprego de veneno e dissimulação) e ocultação de cadáver triplamente agravada.

Para o promotor, “a realização do julgamento será uma importante oportunidade para que a sociedade se posicione diante dos crimes friamente praticados pelos réus. As provas são mais que suficientes e não deixam margem a dúvidas. Com o fim do julgamento, espera-se a integral responsabilização de todos os envolvidos”.

O crime

O caso Bernardo teve início em Três Passos, no dia 04 de abril de 2014, por volta das 12h, e culminou com sua morte por volta das 15h, em Frederico Westphalen. Na ocasião, Graciele Ugulini, com o pretexto de levar Bernardo para comprar uma televisão, conduziu o menino até Frederico Westphalen. Ao iniciar a viagem, ainda em Três Passos, a madrasta deu a Bernardo a substância midazolam, sob o argumento de que era preciso evitar enjoos. Em seguida, já na cidade vizinha, Graciele e Bernardo se encontraram com Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta. Os três foram então até  Linha São Francisco, em Distrito de Castelinho, onde havia uma cova vertical que tinha sido aberta dias antes.

Graciele Ugulini, sempre com apoio de Edelvânia Wirganovicz, aplicou em Bernardo uma injeção intravenosa da substância midazolam, em quantidade suficiente para lhe causar a morte, conforme laudo pericial que atesta a presença do medicamento no estômago, rins e fígado da vítima.

Segundo a denúncia do Ministério Público, o médico Leandro Boldrini, atuou como mentor e incentivador da atuação de Graciele Ugulini no crime contra Bernardo. Conforme a denúncia, ele participou “em todas as etapas da empreitada delituosa, inclusive no que respeita à arregimentação de colaboradores, à execução direta do homicídio, à criação de álibi, além de patrocinar despesas e recompensas, bem como ao fornecer meios para acesso à droga midazolam utilizada para matar a vítima”.