O clima de tensão na Venezuela poderá afetar de maneira mais forte a rotina em Pacaraima, cidade localizada em Roraima e que está na fronteira com o território venezuelano. Em entrevista hoje ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, o prefeito da cidade, Juliano Torquato, relatou que há o temor por falta de energia em todo o estado, além da possibilidade de um conflito ainda mais intenso que aqueles registrados nesse final de semana.
Torquato explicou que o fato das pessoas estarem passando necessidade no lado venezuelano poderá gerar novos conflitos nos próximos dias. A situação é agravada pela dificuldade em acessar o país vizinho com mantimentos, complicação que ocorre também para quem deseja buscar atendimento na direção oposta, no lado brasileiro. “Com o passar do tempo, com a fronteira fechada há três dias, vai começar a faltar coisas lá (Venezuela). O nosso atendimento hospitalar segue funcionando, mas o problema é que os venezuelanos não têm acesso a nada e isso pode gerar um novo confronto”, argumentou.
Ao relatar os conflitos que aconteceram entre sábado e domingo, Torquato confirmou a informação dada pelo prefeito da municipalidade de Gran Sabana, Emílio González. “No sábado, tivemos conflitos internos no município de Santa Helena que deixaram 25 pessoas mortas e 80 feridas”, disse ao se referir à cidade venezuelana mais próxima de Pacaraima.
Sem energia
O prefeito de Pacaraima lembrou que existe a possibilidade do estado de Roraima ficar sem energia já que o sistema tem ligação com o lado venezuelano. “A nossa energia é interligada a Santa Helena (cidade venezuelana) e podemos ter uma interrupção definitiva. Temos aqui dois geradores que funcionam 24 horas. Agora é esperar que não aconteça, caso contrário teremos que nos adaptar. Todo o estado de Roraima recebe energia vinda da Venezuela e se o governo (de Maduro) decidir cortar, ficaremos sem”, resumiu Torquato.
Torquato comentou que há rotas alternativas na fronteira entre Brasil e Venezuela, mas todas elas estão sendo patrulhadas pelo exército comandado por Nicolás Maduro. “É preciso percorrer longas distâncias a pé para entregar alguma coisa. Antes, eles tinha acesso a Pacaraima, mas agora tudo pode ficar mais complicado”, concluiu.
De acordo com Torquato, o clima Pacaraima ainda é calmo. No entanto, a proximidade com a cidade de Santa Helena preocupa a população e autoridades.