O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, disse nesta terça-feira que o Brasil montará uma força-tarefa em Roraima, na fronteira com a Venezuela, para definir a entrega de ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos em coordenação com a oposição venezuelana.
Roraima será o segundo ponto de ajuda, ao lado de Cúcuta, na Colômbia. Segundo Rêgo Barros, alimentos e remédios serão disponibilizados na capital, Boa Vista, e em Pacaraima, na fronteira com Santa Elena de Uairen.
O terceiro ponto de entrega de ajuda fica nas Antilhas Holandesas, que reúnem as ilhas de Aruba, Curaçao e Bonaire. Mais cedo, no entanto, a Marinha venezuelana anunciou que fecharia a fronteira aérea e marítima com o arquipélago caribenho. O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, reafirmou seu compromisso com o presidente Nicolás Maduro e prometeu proteger a fronteira de “ameaças à integridade territorial venezuelana”.
Maduro tem rejeitado a entrega de mais de 900 toneladas de alimentos por julgá-la um pretexto dos Estados Unidos para intervir militarmente na Venezuela. O líder opositor Juan Guaidó diz que 300 mil venezuelanos precisam com urgência de comida e remédios e a ajuda humanitária é um meio de forçar o Exército a escolher entre o chavismo e o povo. “A Força Armada permanecerá mobilizada e alerta ao longo das fronteiras para evitar qualquer violação à integridade de seu território”, disse Padrino.
O comandante das Forças Armadas ainda acusou o presidente americano, Donald Trump, de ser “arrogante” por pedir ao Exército venezuelano que aceite a anistia oferecida pelo líder da oposição Juan Guaidó e a romper com Maduro. “Reiteramos sem restrições obediência, subordinação e lealdade”, afirmou Padrino. “Aqui temos presidente, aqui temos o comandante-em-chefe, Nicolás Maduro.”
Guaidó, por seu lado, começou nas redes sociais uma campanha para que os generais que comandam brigadas na fronteira atendam aos pedidos dos venezuelanos por comida e remédios. “Soldados, escutem”, pediu Guaidó, tornando públicos os nomes dos comandantes dos batalhões de fronteira. A aposta da oposição é que em vez de ouvir Padrino, esses militares ouçam ao apelo popular.
A crise econômica que atinge a Venezuela desde 2013 levou o país à hiperinflação, escassez de alimentos, remédios e de serviços básicos, como água e luz. A queda do preço do petróleo e sanções impostas pelos EUA agravaram a situação.