Dívida do Beneficência Portuguesa com a prefeitura será negociada nos próximos seis anos

A partir março pacientes serão encaminhados pela SMS para consultas, cirurgias ambulatoriais de urologia e dermatologia, além de exames

Foto: Alina Souza/CP

A dívida de mais de R$ 9,2 milhões do Hospital Beneficência Portuguesa com a prefeitura de Porto Alegre vai ser negociada ao longo dos próximos seis anos através de atendimentos e procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir do dia 1º de março, a instituição começa a receber pacientes encaminhados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para consultas e cirurgias ambulatoriais de urologia e dermatologia, além de exames.

A expectativa, no entanto, é que ainda este ano se possa fazer contrato para outras especialidades, como a neurocirurgia. Através de negociação com a prefeitura, o Beneficência realizou alguns exames nos últimos dias e começará oficialmente a receber pacientes em maior número a partir de março.

De acordo com a administradora Melissa Fuhrmeister, ao todo, o hospital tem capacidade mensal para 250 consultas, 88 procedimentos cirúrgicos-ambulatoriais e 5,3 mil exames de diagnóstico, entre raios-x, ultrassonografias, endoscopias e colonoscopias. Desde que assumiu, em julho de 2018, a Associação São Miguel reformou o segundo, terceiro e quarto andares da unidade de internação, além do pronto atendimento, a endoscopia, a agência transfusional e as copas das unidades de internação.

Atualmente, estão em andamento a reforma do quinto e sexto andares e a cozinha está em fase de finalização. Também estão sendo iniciados os trabalhos na UTI e no bloco cirúrgico. Conforme a administradora, novas obras ainda devem ser feitas, como a revitalização da fachada, já que o hospital estava há anos sem manutenção. A SMS afirma que a retomada dos serviços do SUS junto ao Beneficência tem o objetivo de ampliar a oferta de atendimentos na cidade e que são uma forma de abater a dívida do hospital com o município.

“Mensalmente, serão abatidos R$ 128 mil reais do valor da dívida em forma de serviços, como procedimentos de diagnóstico, procedimentos cirúrgicos simples, como vasectomia, e consultas clínicas. Não há qualquer repasse de novos recursos envolvidos nesse contrato”, informou a pasta.

Em nota, comunicou também que toda a prestação do serviço, assim como é feito com todos os prestadores da área da saúde, será fiscalizada pela Comissão de Acompanhamento de Contratos. Nos últimos anos, até ser assumido pela Associação São Miguel, o Beneficência sofreu com uma grave crise financeira que deixou o hospital próximo de fechar.

Em novembro, o Correio do Povo mostrou que, mesmo após os investimentos iniciais, a procura por parte da população ainda não havia sido retomada. O pronto atendimento, por exemplo, atendia somente 10% da sua capacidade. Três meses depois, o local continua sem operar com toda a capacidade.

De acordo com Melissa Fuhrmeister, o espaço tem uma capacidade de 2,5 mil atendimentos por mês. Atualmente, no entanto, apenas 500 têm sido registrados. O setor atende de forma particular ou por convênios – com exceção da Unimed.