Após incêndio, Fêmina segue fechado ao público neste domingo

Sala desativada do hospital foi atingida por chamas na tarde deste sábado

Incêndio atingiu o sexto andar do Hospital Fêmina | Foto: BM / Divulgação / CP

O Hospital Fêmina, do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre, atingido por incêndio neste sábado (16), segue fechado ao público até a finalização do trabalho da perícia e posterior limpeza dos espaços afetados pelas chamas. Na manhã deste domingo, o médico Desiderio Fülber, assessor da diretora, concedeu entrevista coletiva e admitiu que a instituição não possuía Plano de Prevenção de Combate a Incêndio (PPCI). Fülber alegou, entretanto, que a ação rápida da brigada de incêndio do Fêmina evitou que o caso fosse mais grave.

“Nossa brigada rapidamente isolou as chamas e evitou que o incêndio fosse maior. Quando os bombeiros chegaram, eles já tinham realizado os primeiros procedimentos”, ressaltou. O fogo, cujas causas devem ser esclarecidas pela perícia, eclodiu em uma sala desativada do 6º andar, onde fica a UTI Neonatal. Conforme Desiderio, todos os pacientes foram retirados sem ferimentos, em uma evacuação maior do que o necessário por questões de segurança.

Desiderio ressaltou, entretanto, que o hospital estaria buscando adequação ao PPCI: “não tem, mas estamos encaminhando. Já está em estudo, está na engenharia, mas depois a superintendência dá um parecer, mas a gente não tem”, disse. O hospital

Funcionárias relatam pânico

Um grupo de técnicas em enfermagem, que preferiu não se identificar, relatou que houve momentos de pânico durante o incêndio. “Foi horrível, nós vimos que tinha um incêndio pela fumaça chegando pelas janelas. Saiu gente correndo com dois, três bebês nos braços. Foi um horror”, disse uma delas, que inclusive estava de plantão no momento do incêndio.

Uma colega complementou dizendo que faltou oxigênio para atender aos pacientes que estavam sendo retirados da área em chamas: “não tinha equipamento, precisamos ficar ‘ambuzando’ (técnica de ventilação manual, através de ambu), teve mulher correndo ensanguentada e sutura feita no corredor, à luz do celular”, relatou. O Fêmina confirmou que, de fato, uma mulher precisou ser retirada às pressas logo após dar à luz.

Fülber confirmou que, de fato, o Fêmina não possui portas corta-fogo e sistema de alarme em caso de incêndio. Reforçou ainda que a casa tem 53 anos, e que precisa se adequar: “estamos corrigindo, como o caso das colunas hidrossanitárias, e o próximo passo é o plano de prevenção. Tem que ter porta corta-fogo, sprinklers. Sabemos disso, e vamos buscar.”

Sobre a situação de pânico relatada pelas funcionárias, disse que, de fato, houve momentos de tensão: “tu estás dentro da instituição e começa a pegar fogo, realmente, deu pânico e angústia. É natural, é em uma situação atípica. Teve gente chorando, angustiada, mas no final ninguém se feriu”, finalizou.

As profissionais também reclamaram da falta de alarme de incêndio e da ausência de portas corta-fogo. Sobre esses terminais, garantiu que a emergência possui esses terminais, mas que a grande demanda pode ter gerado falta de equipamentos.

Cerca de 30 pacientes foram transferidos

Foram transferidas 8 crianças da UTI Neonatal e 9 do setor de cuidados intermediários, levadas para diferentes hospitais. Mais 10 gestantes de alto risco e duas puérperas foram encaminhadas para o Hospital Conceição. As demais pacientes foram remanejadas internamente para alas não afetadas do hospital.

Algumas pacientes tiveram altas antecipadas, nos casos possíveis, e cirurgias eletivas foram reagendadas conforme demanda das pacientes. Não há previsão de reabertura do hospital ao público. Nesta segunda, o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que responde pelo Fêmina, deve se pronunciar oficialmente sobre o caso.