Após tragédia, futuro do Ninho do Urubu segue indefinido

Prefeitura reiterou que complexo está interditado desde 2017. Clube não sabe informar por que gestão passada descumpriu a medida

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Uma semana depois da tragédia que matou dez jogadores da categoria de base no centro de treinamento (CT) do Flamengo, a situação do Ninho do Urubu permanece indefinida. Após reunião hoje da força-tarefa, criada para tratar do problema, integrantes dos ministérios Público Estadual e do Trabalho afirmaram que o representante da Prefeitura do Rio de Janeiro indicou que o CT deve ser interditado totalmente.

Nesta segunda reunião na semana, após a vistoria feita no CT do Flamengo há três dias, a força-tarefa não anunciou se o local vai ser fechado totalmente ou parcialmente. O representante da Prefeitura na reunião não se manifestou publicadamente. Em nota, a prefeitura informou que a intervenção no Ninho do Urubu é de 2017 e que não há outra medida neste sentido.

“A Prefeitura disse que está interditado desde 2017. Se está interditado e eles não estão cumprindo, qual a providência que a Prefeitura vai adotar? O MP vai encaminhar para a Promotoria de Urbanismo, para ver se vão ingressar com alguma ação pedindo o fechamento. O promotor [do Urbanismo] está recebendo isto hoje”, disse a promotora Ana Cristina Ruth Macedo, do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Recomendação
Para a promotora Ana Cristina Ruth Macedo, o Ninho do Urubu deve ser interditado com cessação de atividades. “No meu entendimento, sim. Haja vista as respostas fornecidas pela Prefeitura. Nós indagamos a Prefeitura, por mais de uma vez, durante a reunião, e a Prefeitura insiste em dizer que o Ninho do Urubu está interditado.”

O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT), Fábio Villela, mantém posição semelhante à da promotora.

Outro lado
Pela primeira vez um representante do clube falou formalmente com a imprensa, o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, concedeu entrevista coletiva. Porém, ele abandonou a entrevista antes do final. Segundo ele, o objetivo principal do clube é a reparação às vítimas e às famílias das vítimas.

Questionado sobre o porquê de o Flamengo não ter acatado a ordem de interdição de 2017 no Ninho do Urubu, definida pela Prefeitura, ele disse que no pode “falar pela gestão passada”. O vice-presidente disse que o clube está tomando conhecimento “do principal desta questão agora” e defendeu que não é justo “haver uma deliberação imediata”.

O advogado reiterou a determinação do clube. “Sou vice-presidente jurídico do Flamengo há 30 dias, antes desse lamentável acidente. Nós estamos tomando conhecimento. O Flamengo vai sentar para deliberar o que fazer ou não fazer.”

Informado pela imprensa que a Prefeitura do Rio determinou a interdição do CT, o advogado afirmou que o Flamengo vai se reunir para tratar da questão. Em seguida, levantou-se e deixou o local da entrevista coletiva.

A Prefeitura do Rio informou, que o caso está com a Secretaria de Fazenda, a quem cabe fiscalizar e expedir alvarás de funcionamento, podendo, inclusive, requisitar força policial para fazer cumprir uma interdição.

Em meio à controvérsia, o time profissional do Flamengo se apresentou hoje à tarde no Ninho do Urubu, após a eliminação da Taça Guanabara ontem à noite pelo Fluminense, que venceu a partida por 1 a 0.