Prefeitura de Porto Alegre lança plano para combater tuberculose

Meta é atingir taxa de cura de 79% até 2020

Foto: Joel Vargas/PMPA

Porto alegre quer atingir a taxa de 79% de cura da tuberculose até 2020. O objetivo deve ser atingido com o Plano Municipal de Enfrentamento da Tuberculose, lançado nesta sexta-feira pela Secretaria Municipal da Saúde. A taxa de cura da Capital é hoje de 56%, muito abaixo do ideal recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 85%. Outro dado que preocupa é o índice de abandono do tratamento, que chega aos 24%.

A doença preocupa porque 80% dos casos do mundo acontecem no Brasil. Foram 72 mil casos novos diagnosticados no País em 2017, correspondendo a 35 casos a cada 100 mil habitantes. Destes, 5 mil foram notificados no Rio Grande do Sul, com 40 casos para 100 mil. Em Porto Alegre, dados do ano passado revelaram que a cidade ultrapassa em mais de duas vezes o número de casos de tuberculose do país. Em 2018, foram 1,4 mil novos casos, chegando a 92 a cada 100 mil habitantes.

Conforme a coordenadora do plano, Juliana Nunes Feil, a tuberculose é um problema social e as ações devem ser pragmáticas. “Foi uma encomenda do antigo secretário da Saúde (Erno Herzheim) e ele sempre deixou bem claro: temos que ver porque isso está acontecendo e quais os problemas que temos na rede, e a solução”, disse.

O plano, com iniciativas já em vigor desde agosto do ano passado, se baseia em telemonitoramento e a transição de cuidado. As ações incluem contato direto com os pacientes através de e-mail, telefone e WhatsApp, além de supervisão do cronograma do tratamento (presença em consultas, retirada de remédios e realização de exames). Também são monitorados os sistemas informatizados que contêm informações das pessoas com suspeita ou diagnóstico de tuberculose.

Tuberculose

Na lista das cinco capitais com maiores incidências da doença estão Manaus (104,7 casos por 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (88,5 casos), Recife (85,5 casos) e Belém (64,9 casos), além de Porto Alegre, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Uma das principais dificuldades no combate à doença é o abandono do tratamento (com uma taxa de 24%), oferecido gratuitamente nas unidades de saúde. Normalmente, o processo dura seis meses, mas pode se estender a um ano ou mais, conforme a multirresistência que o bacilo adquire após a interrupção. Alimentação desregrada e exposição a intempéries do clima e ambientes insalubres podem facilitar o contágio.

Causada por uma bactéria (Bacilo de Koch) que ataca principalmente os pulmões – mas pode ocorrer em outras partes do corpo –, a doença é transmitida pelo ar. Tosse por mais de duas semanas, associada a um ou mais sintomas – transpiração excessiva à noite, cansaço, falta de apetite, emagrecimento e febre –, pode configurar a doença.

O principal exame é a baciloscopia, que possibilita a análise direta da secreção excretada pelos pulmões. O tratamento consiste em medicação de uso regular, todos os dias, no mesmo horário, durante seis meses, no mínimo. Em caso de interrupção antes do previsto, a pessoa pode ter recidiva e desenvolver uma tuberculose resistente aos medicamentos do esquema básico.

O perfil epidemiológico da doença mostra que ela atinge predominantemente pessoas com baixa escolaridade, em maioria homens em idade produtiva. Entre os públicos de maior vulnerabilidade estão a população em situação de rua, portadores de HIV/Aids, dependentes químicos, indígenas, população prisional e egressos do sistema.