Categoria de base é política de futebol

Grêmio e Inter apresentam políticas bem diferentes de aproveitamento dos jovens da base

No Ganhando o Jogo de ontem, debatemos sobre a utilização de jogadores oriundos das categorias de base no Grêmio e no Inter. É nítido que estes clubes têm políticas absolutamente diferentes a respeito dos jovens. Comparando as listas de inscritos do Gauchão, vemos que há mais atletas vindos da base no Inter, mas é no Grêmio que esses atletas conseguem sequência e crescem dentro do clube.

A última temporada em que o Inter realmente apostou nos atletas da base foi em 2015. Com Diego Aguirre, Alisson virou titular, William assumiu a lateral direita, Rodrigo Dourado tomou conta do meio-campo… até Geferson – este não deu certo, é verdade – ganhou outro status. Em 2016, com quatro treinadores e um rebaixamento, o Inter entendia que os jovens poderiam ser torrados pelo momento ruim. Em 2017, se dizia que não era a hora por causa das tensões da Série B. Em 2018, existia a pressão por uma boa campanha no retorno à primeira divisão. Sempre havia uma desculpa.

No Grêmio, que vivia um jejum de quinze anos sem títulos, Walace era titular do meio-campo, Jaílson tinha espaço, Pedro Rocha foi peça-chave da conquista, Luan era protagonista e Éverton era reserva imediato. O tri da Libertadores teve Arthur ditando o ritmo do time e sendo o melhor jogador da final. Em 2019, Pepê, Matheus Henrique e Jean Pyerre vão receber cada vez mais oportunidades. A utilização de jovens não vem ao acaso.

CONCEITOS DE BASE

Antigamente, a categoria de base se resumia aos olheiros e aos famosos campinhos de várzea. Já faz algum tempo que não é assim. Os observadores ainda existem, mas eles cada vez menos trabalham para os clubes. Estes “vigias” hoje são assessores dos empresários. São eles que indicam os nomes que serão, a seguir, apresentados aos clubes. Ou seja, as crianças – sim, crianças -, em regra, chegam já com representantes oficiais.

Mudando a triagem, muda também a formação. São poucos os jogadores que passam a vida no clube, aqueles que chegam com 12 ou 13 anos em uma cidade nova em busca de outra vida. São exceções. Hoje há um conceito de captação dentro da categoria de base. Em resumo, é a busca por jogadores “semiprontos”, que são contratados para que terminem seu período de formação no clube. Chegam com 16, 17, 18 anos e recebem atenção especial.

DIFERENÇA CLARA

Categoria de base é assunto sério. Os resultados não são obra do acaso. Enquanto o Grêmio vem em evolução nítida nos últimas temporadas, após anos de descaso, o Inter precisa estancar a sangria promovida pela devastadora gestão que afundou o clube em 2015/16. O exemplo está na própria cidade.