Presidente do PSol fala em deterioração da democracia após saída de Jean Wyllys do Brasil

Deputado federal anunciou a desistência do mandato e saída do País após ameaças de morte

Foto: Michel Jesus / Câmara dos Deputados / CP

O presidente nacional do PSol, Juliano Medeiros, lamentou a decisão do deputado federal reeleito, Jean Wyllys, que desistiu do mandato na Câmara dos Deputados e deixou o Brasil devido a constantes ameaças de morte que estava recebendo. Para ele, este episódio precisa ser “objeto de um debate amplo na sociedade brasileira sobre como estamos nos tornando uma sociedade cada vez menos democrática.” “O deputado que não se sente seguro para exercer o seu mandato expressa uma deterioração da democratização no Brasil que nós vimos nos últimos meses e que continua se manifestando, por exemplo, nas mentiras que são disseminadas até hoje envolvendo Jean Wyllys”, afirmou em entrevista à Rádio Guaíba na manhã desta sexta-feira.

O deputado federal eleito pela terceira vez consecutiva em 2018 declarou, em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que estava no exterior e não pretendia voltar para preservar a sua vida e de seus familiares e amigos. “Depois do assassinato da vereadora Marielle Franco, nossa amiga pessoal, o Jean ficou muito abalado e passou por um ano muito difícil. Ele conseguiu se reeleger, mas sob condições muito adversas, e depois da eleição de outubro, culminou um aumento exponencial de ameaças de morte, que não eram feitas somente a ele, mas também contra a sua família”, disse Medeiros.

Segundo o presidente nacional do partido, o ambiente democrático atual é preocupante. “O ambiente democrático comprometido é aquele que não garante as condições para que ativistas dos direitos humanos, parlamentares, lideranças políticas, possam exercer o seu trabalho livremente. E isso se torna ainda mais grave quando formadores de opiniões, lideranças políticas e de Estado, reforçam esta deterioração destilando ódio e mentiras”, lamentou.

Conforme Medeiros, a segurança se tornou prioridade para o PSol, especialmente após o assassinato da vereadora Marielle Franco em março de 2018 e a condição do deputado federal Marcelo Freixo que anda sob escolta policial desde que relatou a CPI das Milícias há dez anos.

“Não se trata de exagero, nós do PSol somos vítimas desta violência e nós tratamos este assunto da segurança com muito cuidado. A situação do Jean ficou agravada porque ele é uma figura de muita visibilidade pública e defende uma agenda polêmica, que são temas importantes para ele discutir com a sociedade brasileira, e neste contexto de polarização, a situação do Jean piorou muito à medida que as ameaças aumentaram”, refletiu. “Jean tinha uma escolta do departamento de polícia da Câmara e isso limitava as condições dele porque chama muita atenção. Claro que se pudéssemos escolher, preferimos que ele continuasse o mandato. Ele orgulha muito a bancada do PSol.”