Guaidó afirma que pode considerar anistia a Maduro

Em entrevista, Presidente interino disse que medida vale para todos que "estão dispostos a ficar do lado da Constituição"

Juan Guaidó/Redes Sociais/Direitos Reservados

O presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino da República Bolivariana da Venezuela na última quarta-feira, assegurou que pode avaliar uma anistia a Nicolás Maduro caso ele se comprometa a reestabelecer a democracia no país. “Isso teria que ser analisado, mas acho que ele é um funcionário público. Infelizmente, hoje, um ditador, infelizmente, ainda responsável pelas vítimas na Venezuela”, afirmou, se referindo aos óbitos durante a semana em entrevista à emissora norte-americana Univisión.

“Na ocasião, será avaliado, mas está na mesa, que a anistia e essas garantias são para todos aqueles que estão dispostos a ficar do lado da Constituição e recuperar a ordem constitucional”, disse à jornalista colombiana Patricia Janiot, via Skype. Guaidó falava de um local não divulgado de Caracas, a capital venezuelana. O Parlamento, o único poder controlado pela oposição, prometeu em 15 de janeiro uma anistia a oficiais militares do governo Maduro, após declará-lo formalmente “usurpador” da presidência.

“Nos períodos de transição coisas semelhantes aconteceram, aconteceu no Chile e na Venezuela em 1958. Não podemos descartar nenhum elemento, mas devemos ser muito firmes para o futuro”, comentou o líder oposicionista. Ele ainda disse que “na Venezuela, tentamos todos os mecanismos para sair da crise, incluindo a negociação”. “Mas isso tem sido usado para enganar o povo da Venezuela. O diálogo não está no palco, o que é conseguir os mecanismos necessários para impedir a usurpação e a realização de eleições livres “, afirmou.

Guaidó defendeu que sua proclamação para o cargo de presidente representa “assumir as competências para acabar com a usurpação que se vive na Venezuela”, buscando “abraçar todos os setores, incluindo os militares, e lançar eleições livres para se superar a crise”. O político do partido Voluntad Popular apontou que o cenário ideal para o futuro da nação inclui três fases: a “cessação da usurpação” para acabar com a incerteza, uma transição e a realização de eleições livres, além da atenção da emergência humanitária.

O presidente da Assembleia Nacional também rebateu o ministro da Defesa das Forças Armadas Nacionais, Padrino López, que afirmou que o oposicionista havia dado um golpe de Estado. “Os golpes de Estado, e este regime sabe muito bem, são dados pelos militares, pelas Forças Armadas Nacionais (FAN). Estamos defendendo a Constituição, estamos protegendo o cidadão venezuelano para recuperar a ordem constitucional”, concluiu.