EUA, Brasil e OEA reconhecem Guaidó como presidente legítimo da Venezuela

Mais cedo, presidente da Assembleia Nacional se declarou presidente da República em exercício e prometeu promover eleições

Foto: Carlos Garcia Rawlins/ABr

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, assim como o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luís Almagro, reconheceram, hoje, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente em exercício do país sul-americano.

A Casa Branca divulgou o posicionamento no Twitter. Mais cedo, Guaidó se declarou presidente da República em exercício e prometeu promover eleições gerais.

Cerca de 30 minutos depois, o presidente norte-americano escreveu que “os cidadãos da Venezuela sofreram muito tempo nas mãos do regime ilegítimo de [Nicolás] Maduro” e depois confirmou que reconhece Guaidó como presidente interino do país sul-americano.

Também no Twitter, Bolsonaro, que participa do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, postou mensagem de apoio a Guaidó. Em Davos, Bolsonaro reiterou a colaboração brasileira ao governo recém-declarado.

O secretário-geral da OEA também felicitou o deputado pelo juramento.

Juramento na Venezuela

Apontado como principal líder da oposição, Guaidó, de 35 anos, realizou o juramento durante um protesto em Caracas contra o presidente venezuelano, que assumiu o segundo mandato presidencial 13 dias atrás.

“Hoje, 23 de janeiro de 2019, em minha condição de presidente da Assembleia Nacional, ante Deus todo-poderoso e a Venezuela, juro assumir formalmente as competências do Executivo nacional como presidente em exercício da Venezuela.”

Antes, Guaidó reiterou a promessa de anistia aos militares que abandonarem Maduro e apelou para que fiquem “do lado do povo”. Segundo ele, é preciso reagir à “usurpação” do poder por parte do presidente da República, instaurar o governo de transição e eleições livres.

Protestos pelo terceiro dia

Hoje, manifestantes saíram às ruas de Caracas e das principais cidades da Venezuela no terceiro dia de protestos contra Maduro. Organizações não governamentais, como Observatório Venezuelano de Conitividade Social (OVCS), denunciaram violência e confrontos entre manifestantes e forças de segurança, inclusive com um a morte de adolescente, de 16 anos, baleado.

“Condenamos o assassinato do jovem Alixon Pizani [16] por ferimentos a bala durante uma manifestação em Catia, Caracas”, informou o OVCS no Twitter.

Ontem, imagens divulgadas pelas entidades civis organizadas mostraram embates entre manifestantes e agentes do Estado, barricadas nas ruas e uso de coquetel Molotov.

ONU

O porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), Farhan Haq, disse hoje que a entidade acompanha de perto os desdobramentos da crise na Venezuela e as manifestações. Ele disse que a entidade rechaça qualquer tipo de violência e aguarda pelo avanço de negociações.

Entenda o caso

A situação na Venezuela se agravou após a eleição de Maduro para um segundo mandato, que é contestada pela comunidade internacional. Ele tomou posse, em 10 de janeiro, perante a Suprema Corte. Para Brasil, o Grupo de Lima, que reúne 14 países, e a OEA, o mandato é ilegítimo e a Assembleia Nacional Constituinte deve assumir o poder com a incumbência de promover novas eleições.

Guaidó chegou a ser preso e liberado. A Assembleia Nacional, então, declarou “usurpação da Presidência da República” por Maduro.

Ontem, a Sala Constitucional do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) questionou as ações da Assembleia Nacional, dizendo serem nulas e carentes “de validade e eficácia jurídica.”