Presidente em exercício descarta fechamento da Embaixada da Palestina

Mourão também afirmou que decisão da Arábia Saudita de suspender compra de carne de frango de cinco empresas brasileiras pode ter sido motivada pela intenção de incentivar a produção interna

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, descartou hoje a possibilidade de o Brasil fechar a Embaixada da Palestina. Segundo ele, a hipótese é uma “ilação” e “retórica”, sem corresponder com a realidade. Para ele, não houve alterações desde 1947, quando foram estabelecidos dois Estados – de Israel e da Palestina.

Perguntado sobre o fechamento da Embaixada da Palestina, Mourão respondeu que “os dois estados são reconhecidos” e que “o resto tudo é retórica e ilação”. O conflito entre palestinos e israelenses envolve, sobretudo, disputas de território. Israelenses não reconhecem a Palestina como um Estado político e diplomático independente nos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Exportações de carne

Mourão também afirmou hoje que a decisão da Arábia Saudita de suspender a compra de carne de frango de cinco empresas brasileiras pode ter sido motivada pela intenção de incentivar a produção interna. Segundo ele, não há relação entre a suspensão e os estudos para a transferência da Embaixada do Brasil em Israel de TelAviv para Jerusalém, o que desagrada a comunidade muçulmana.

“O dado que eu tenho, que não é confirmado ainda, é de que eles pretendem também produzir frangos lá na Arábia Saudita. Óbvio que vai sair mais caro, mas eles têm dinheiro. Então é isso que está acontecendo”, disse.

Em seguida, o general Mourão acrescentou que “não tem nada a ver com questão de embaixada”. “Até porque, qual foi a declaração do nosso representante na ONU? Que existe um Estado de Israel e um Estado Palestino, conforme reconhecemos desde 1947, então nada mudou”.

O presidente em exercício lembrou que há cerca de três meses um grupo de especialistas sauditas visitou o Brasil para verificar as empresas produtoras de carne de frango.

“Outubro do ano passado, o pessoal da Arábia Saudita esteve no Brasil fazendo uma verificação, não só nos nossos frigoríficos como também nas granjas, nas indústrias de grãos. Eles tinham uma ideia de cortar as importações do Brasil para 400 mil toneladas. Nós estamos exportando em torno de 600 [mil toneladas]”, disse.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou ontem que 58 plantas são habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportar. Do total, 30 vendem para a Arábia Saudita. Dessas, 25 foram habilitadas e cinco, não. Segundo a associação, a não autorização decorreu de “critérios técnicos” e ações corretivas estão sendo implementadas para que a habilitação seja concedida.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o relatório sanitário encaminhado pelos sauditas está sendo examinado para que os estabelecimentos sejam informados, em detalhes, sobre as recomendações.