A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul declarou na manhã deste sábado que não pode garantir a segurança alimentar do país para a safra 2019/20 se não houver um plano de securitização por parte do governo federal. A afirmativa foi dada com exclusividade pelo diretor Jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, ao Guaíba Correio Rural. Segundo Belloli, mesmo com perdas expressivas, a safra 2018/19 ainda está assegurada, mas o mesmo não pode ser garantido para o ciclo vindouro.
“De dez anos, em nove nós não tivemos faturamento. Os nossos produtores estão trabalhando com prejuízos expressivos safra após safra, e chegamos em um ponto no qual precisamos de garantias por parte dos governos estadual e federal ou não teremos como assegurar a produção”, alertou Belloli. Além disso, o diretor Jurídico da Federação relembrou que as altas taxas cobradas no Rio Grande do Sul tornam a competição com o arroz importado injusta: “pagamos 12% de ICMS pelo nosso produto, enquanto a importação do arroz paraguaio paga apenas 4%”, lamentou.
Um encontro na próxima terça-feira (22), em Brasília, vai tratar da questão e contará com a presença do presidente da Federarroz, Henrique Dornelles. A expectativa é de que medidas sólidas sejam alinhavadas já nos próximos dias, conforme ressaltou Belloli: “precisamos encontrar soluções e garantir a securitização por parte do governo, ou não poderemos garantir a produção.”
Safra 2018/19
O Rio Grande do Sul é responsável por produzir cerca de 8 milhões de toneladas de arroz/safra, o que corresponde acerca de 70% do total produzido em todo o Brasil. As fortes chuvas e as cheias dos rios registradas no Estado nas últimas semanas já geram expectativa de perdas na casa de 1 milhão de toneladas, o correspondente a 8% de toda a produção nacional. Devem ser colhidas 7 milhões de toneladas no Estado, a maior parte delas oriunda da metade Sul.
As cheias enfrentadas pela Fronteira Oeste e Campanha são as principais responsáveis por essa quebra na safra. Muitas lavouras ainda estão submersas, e apenas com a redução nos níveis da água os produtores poderão analisar os reais estragos. Ainda não há estimativas em cifras dos prejuízos causados, mas tomando como base o valor usado pela Conab para o arroz (aproximadamente R$ 39 para a saca de 50kg), as perdas podem ultrapassar os R$ 800 milhões.