O procurador federal Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, criticou a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre as movimentações financeiras de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
“Com todo o respeito ao Min. Fux, não há como concordar com a decisão, que contraria o precedente do próprio STF. Tratando-se de fato prévio ao mandato, não há foro privilegiado perante o STF. É de se esperar que o Min. Marco Aurélio reverta a liminar”, escreveu Deltan, no Twitter.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, Deltan se junta a um grupo bastante heterogêneo de críticos da decisão, anunciada nesta quinta-feira. Além dele, comentaram o caso desde membros do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem Pra Rua até integrantes de PT e PSol, por exemplo.
Ainda conforme o Estadão, a repercussão sobre a decisão de Fux levou o caso a ocupar metade da lista de Trend Topics do Twitter, na tarde de hoje. Dos dez assuntos mais comentados, cinco eram relacionados ao caso: “Queiroz”, “Flávio Bolsonaro”, “Luiz Fux”, “Supremo” e “O STF”.
Entenda
Na decisão, Fux entendeu que ao assumir o mandato de senador em fevereiro, Flávio passa a ter foro privilegiado e que, por isso, é melhor esperar a definição pelo STF, a quem cabe conduzir a investigação. O relator do caso vai ser o ministro Marco Aurélio Mello, mas só a partir da volta do recesso da Corte.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que em um mesmo ano houve a movimentação de R$ 1,2 milhão por parte de Queiroz.
O documento integrou a investigação da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, que prendeu deputados estaduais no início de novembro.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) marcou duas vezes o depoimento de Queiroz. Ele não compareceu, justificando problemas de saúde. A mulher Márcia Oliveira de Aguiar e as filhas dele Nathália Melo de Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz também faltaram ao depoimento, alegando estarem acompanhando o tratamento dele em São Paulo. O processo corre sob sigilo.