Detectada morte de abelhas em mais 600 colmeias no Interior gaúcho

Depois do caso de São José das Missões, há relatos semelhantes em Cruz Alta, no Noroeste

Depois da morte de abelhas de 108 colmeias em São José das Missões, na semana passada, outro caso, semelhante, vem preocupando os produtores de mel no Rio Grande do Sul. Cruz Alta, na região Noroeste, contabilizou a morte de abelhas em mais 600 colmeias, segundo o presidente da Associação dos Apicultores do município (Apicruz).

Salvador Gonçalves da Silva disse que a entidade, que conta com 60 associados, estuda se vai registrar boletim de ocorrência. Novas perdas são relatadas a cada dia, segundo ele.

Outra situação que intriga produtores e técnicos ocorre em Caçapava do Sul, onde há relato de um enxame extraordinariamente grande, por razões não identificadas até o momento.

Cenário preocupante

O coordenador da Câmara Setorial da Apicultura e Meliponicultura, Aldo Machado dos Santos, afirmou que o cenário é de preocupação, já que as denúncias dispararam neste ano. No ano apícola de 2018 foram registradas perdas de 1,6 mil colmeias, embora a estimativa é de que o número real seja maior devido à subnotificação. De acordo com Santos, neste ano as perdas podem ultrapassar 3,5 mil colmeias, cada uma com 70 mil a 80 mil abelhas.

A expectativa é de que os casos mais recentes estimulem o apicultor a informar os órgãos competentes. A prioridade, neste momento, segundo o coordenador, é identificar qual produto provocou a morte das abelhas. Apicultores presumem que a causa seja a aplicação de inseticida à base de Fipronil, utilizado no controle do tamanduá-da-soja em lavouras vizinhas.

Santos destacou ainda o fato de que o prejuízo da mortandade extrapola a produção de mel. “O maior impacto é a perda ambiental”, resumiu, referindo-se à importância da polinização para cultivos diferentes.

Quanto ao caso registrado em Caçapava do Sul, Santos afirmou que as abelhas sofreram um estresse grande, que pode ter sido ocasionado pelas altas temperaturas da região ou pelo uso incorreto de agroquímicos e, como forma de se proteger, migraram. Nos arredores, as lavouras de soja registraram aumento nos últimos anos. “Em todo local onde a soja está crescendo está aumentando o número de incidentes com abelhas”, observou Santos, que disse que em 99% dos casos a culpa é da aplicação incorreta dos produtos químicos.

Colmeia Viva

A iniciativa Colmeia Viva, capitaneada pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Defesa Vegetal, informou que deve deslocar uma equipe para São José das Missões. Agricultores e criadores de abelhas podem entrar em contato com a equipe de assistência técnica pelo fone 0800 771 800, diariamente, das 7h às 19h. O atendimento visa ouvir relatos e tirar dúvidas, sugerir medidas, compartilhar informações e, se necessário, encaminhar visita de uma equipe.