Juíza não vê necessidade de transferir João de Deus para hospital

Defesa pedia a remoção do médium do complexo prisional para uma casa de saúde particular de Goiânia

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinar ontem ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) que informe a situação de saúde do médium goiano João de Deus, a juíza Marli de Fátima Naves afirmou não haver, “até a presente data”, qualquer variação no estado de saúde do médium que exija a transferência dele do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO) para um hospital particular.

No ofício que enviou a Toffoli hoje, a juíza detalha que, após passar mal, na última quarta-feira, o médium recebeu atendimento médico no núcleo de custódia da unidade prisional onde está detido em caráter preventivo desde o dia 16 de dezembro. Na sequência, João de Deus foi encaminhado para o Hospital de Urgência de Goiânia, onde foi submetido a uma série de exames.

Segundo a juíza, os exames diagnosticaram apenas a “discreta” presença de sangue na urina do paciente, sem infecção. Diante disso, o médico responsável recomendou que o retorno do médium à unidade prisional e a manutenção do acompanhamento ambulatorial, como já vem sendo feito regularmente.

Diante da manifestação médica, a juíza sustenta que “não há, até a presente data, qualquer notícia de intercorrência apta a exigir atuação de médico especialista em cardiologia”, conforme sugerido pela defesa do médium, que pede a transferência de João de Deus do complexo prisional para um hospital particular de Goiânia. De acordo com a magistrada, o pedido de transferência não leva em conta “indicação médica ou encaminhamento”.

Ainda de acordo com a juíza, após sentir-se mal, o médium foi atendido de forma célere e adequada às condições de saúde e idade do paciente, segundo as regras básicas do sistema de saúde”.

Suspeito de ter abusado sexualmente de mulheres que frequentaram o centro espírita Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, João de Deus está preso, em caráter preventivo, desde o dia 16 de dezembro. Os advogados ajuizaram, no STF, um pedido para que João de Deus possa responder às acusações em liberdade. Devido ao recesso do Poder Judiciário, o pedido de habeas corpus vai ser julgado pelo ministro Dias Toffoli.

O Ministério Público de Goiás já apresentou à Justiça estadual as primeiras denúncias contra o médium, por ao menos quatro casos investigados pela Polícia Civil e pelo MP, que seguem ouvindo outras mulheres que dizem ser vítimas de João de Deus.