Raquel Dodge denuncia Temer e mais cinco no Inquérito dos Portos

Palácio do Planalto emitiu nota dizendo que presidente vai provar inocência. Conforme a denúncia, foram movimentados no suposto esquema R$ 32,6 milhões

O presidente Michel Temer discursa durante homenagem da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou, na noite desta quarta-feira, o presidente Michel Temer e mais cinco investigados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.

A denúncia ocorre no inquérito que investiga o suposto favorecimento da empresa Rodrimar S/A na edição do chamado Decreto dos Portos (Decreto 9.048/2017), assinado em maio do ano passado pelo presidente Michel Temer.

Além de Temer, foram denunciados os empresários Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, sócios da Rodrimar; Carlos Alberto Costa e João Batista Filho, além do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures.

De acordo com a denúncia apresentada ao STF, a PGR apurou um “esquema antigo envolvendo o pagamento de vantagens indevidas a Michel Temer” por meio da empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos.

De acordo com a procuradoria, Temer começou a atuar em supostas negociações envolvendo o setor portuário por volta de 1998, quando era deputado federal, fazendo as primeiras indicações para a Companhia das Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

No entendimento da PGR, o Decreto dos Portos ampliou a duração de contratos das empresas envolvidas, com o suposto intermédio do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (MDB/PR).

O Ministério dos Transportes sempre negou qualquer irregularidade no processo que culminou no Decreto dos Portos, feito com participação dos representantes do mercado e de setores da sociedade civil.

“De um lado, Michel Temer recebia os representantes da empresa via Rodrigo Rocha Loures, demonstrando todo seu poderio em beneficiá-la em razão do cargo que ocupava (ato de ofício em potencial) e, de outro vértice, aceitava promessa de vantagem indevida, como decorrência natural de uma perene relação criminosa”, sustenta a PGR.

Conforme a denúncia, foram movimentados no suposto esquema R$ 32,6 milhões.

Com final do mandato de Temer, Dodge pediu que, a partir de 1º de janeiro, o caso seja enviado para a primeira instância da Justiça Federal em Brasília em função da perda do foro privilegiado no STF.

No texto, a procuradora observa que deixou de apresentar denúncias em decorrência de previsão da Constituição Federal que impede a responsabilização do ocupante do cargo de presidente da República por atos anteriores ao exercício do cargo.

Defesa
O advogado do presidente no processo envolvendo o inquérito dos portos, Brian Alves Prado, informou que ainda não teve acesso à denúncia. Ele acrescentou que vai estudar o teor da denúncia, assim que recebê-la, antes de se manifestar a respeito.

Questionado, o Palácio do Planalto afirmou que Temer vai provar inocência.