Delegada afirma que João de Deus demonstrou grande poder de persuasão em depoimento

Médium negou conhecer maioria das vítimas e atacou credibilidade de uma das mulheres que o denunciou

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A delegada responsável pela força-tarefa de investigação no caso João de Deus, Karla Fernandes, disse nesta segunda-feira que, em seu depoimento, o médium rejeitou não apenas as acusações de abuso sexual como também afirmou não conhecer as mulheres que o denunciam. Em entrevista à Rádio Guaíba, a delegada explicou que o inquérito instaurado conta apenas com o testemunho de 15 vítimas, apesar dos mais de 300 relatos. “Quando falamos sobre a nossa vítima principal, ele reagiu diferente, porque em todas as outras disse que não conhecia. Nessa, tentou jogar para ela, dizendo que era uma pessoa desequilibrada, que não pode ser confiada”, comentou.

Karla também informou que o líder espiritual não se negou a responder nenhuma das perguntas e demonstrou uma ótima estrutura emocional durante o interrogatório. “Na condição de idoso, ele já está realmente debilitado pela idade. Não é uma pessoa letrada, a gente pode ver, mas tem um poder de persuasão grande, ele sabe como tem que falar”, avaliou. Ela também contou que o médium garantiu que todos os atendimentos eram feitos em grupo e que os particulares ocorriam somente quando alguém pedia, em uma sala com janelas visíveis.

O homem de 76 anos está preso no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, numa cela com outras três pessoas. Conforme a delegada, ele não terá acesso a outros encarcerados. A defesa deve entrar com um pedido de Habeas Corpus ainda nesta segunda. “Há fatores que pesam a favor e contra ele. Nossa pretensão e desejo enquanto sociedade seria a permanência na prisão para dar uma resposta mais eficaz”, comentou Karla.

A delegada ainda fez um apelo às mulheres em geral. “Aguardamos que aquelas que foram submetidas a algum tipo de abuso tomem coragem e compareçam à delegacia para formalizar. E-mail e telefone ajudam, mas a vítima tem que comparecer para narrar efetivamente como tudo aconteceu”, finalizou.