Rompimento comercial com árabes e chineses pode prejudicar agronegócio, adverte ministro

Segundo Blairo Maggi, manutenção dos mercados deve ser um ponto de atenção do próximo governo

Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse nesta sexta-feira que um eventual rompimento comercial com os países árabes e a China, em razão de disputas geopolíticas, pode ser prejudicial para o agronegócio no país. De acordo com o ministro, a manutenção desses mercados deve ser um ponto de atenção do próximo governo.

“É um ponto de atenção, sim. Não temos essa questão de geopolítica, essa vontade de ser o líder do mundo. Não temos condições de ser o líder do mundo, então porque vamos fazer enfrentamentos nessa ordem?”, alertou o ministro, lembrando que quase 50% das exportações brasileiras de frango vão para países do Oriente Médio.

“Você perder isso, você criar um ambiente ruim de negócios, significa problemas para nossas empresas, e que vai bater por último lá no campo, nos nossos produtores”, afirmou. O ministro se referiu a declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que disse que pretendia transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém e de críticas ao avanço da China em negócios no país.

As declarações não foram bem recebidas pelos países. Maggi disse que já conversou com a futura ocupante da pasta, Tereza Cristina, para manter o trabalho de abertura de novos mercados para os produtos brasileiros e disse que sugeriu que, logo após a posse, a ministra faça uma viagem para esse países.

“Temos que transmitir a eles que o Brasil os quer como nossos parceiros, que somos confiáveis, nós não ficamos disputando hegemonia mundial da economia, da política, de território, de nada. O Brasil é um país que deve seguir o seu ritmo, se transformando no maior produtor agrícola do mundo, de pecuária e que deve garantir a qualidade dessas mercadorias e a frequência dessas mercadorias”, disse.

De acordo como ministro, em 2018, as exportações do agronegócio devem ultrapassar a barreira dos US$ 100 bilhões, pela primeira vez. “Já exportamos US$ 99 bilhões em 2013”, lembrou. Ao ser perguntado sobre a concorrência da soja norte-americana pelo mercado chinês, o ministro disse que o Brasil está preparado caso o país asiático retire tarifas sobre a soja produzida nos Estados Unidos, como um aceno em meio à trégua na guerra comercial com o governo de Donald Trump.

Desafios

Questionado sobre as dificuldades e desafios da próxima ocupante da pasta, o ministro disse que a tendência é de manutenção das ações que já estão em curso. Ressalvou, porém, que é preciso atentar para as novas estruturas que passarão a integrar a pasta.

A previsão é que haja uma fusão de setores que estão fora na estrutura do ministério, como a agricultura familiar, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Secretaria de Assuntos Fundiários, a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) e a pesca.