Cerco que prendeu quadrilha e vitimou PM suspeito de crime durou 38 horas

Criminosos roubaram R$ 540 mil de moradias e mantiveram reféns em Flores da Cunha

Foto: Rafael Silva / BM / CP

Um cerco de 38 horas ininterruptas da Brigada Militar para capturar uma quadrilha de assaltantes na Serra terminou em confronto com três criminosos mortos, incluindo um integrante da corporação, na noite dessa quarta. Houve ainda quatro prisões, sendo uma delas também de um PM. A caçada à quadrilha começou na tarde de terça-feira passada quando duas residências foram assaltadas na localidade de Mato Perso, no interior de Flores de Cunha. Os moradores foram mantidos reféns por quatro assaltantes usando farda da BM e que mostraram um falso mandado judicial de busca e apreensão.

Após saquearem as moradias e levarem mais de R$ 540 mil em dinheiro e cinco espingardas, entre outros pertences, o bando fortemente armado fugiu em um Toyota Corolla e em um Ford Ka. Uma das vítimas do roubo acabou sendo liberada mais tarde e um Chevrolet Corsa Sedan apareceu incendiado. Em uma rápida mobilização, a BM cercou toda a região. Pressionada e já perseguida por uma viatura a partir da rótula da BR 116 com a ERS 452, na localidade de Vila Cristina, em Caxias do Sul, a quadrilha teve de abandonar o Toyota Corolla perto de uma tenda de produtos coloniais na mesma rodovia, já em Nova Petrópolis. O veículo tinha placas de Alvorada.

Dentro do carro, os policiais militares apreenderam dez espingardas calibres 12, 28 e 36 incluindo as cinco roubadas das residências; 393 cartuchos de munição; e três bonés da BM; um bloqueador de sinal; um radiocomunicador; um par de algemas; um pé-de-cabra; uma marreta; quatro facas; um facão; um pote contendo 15 miguelitos; quatro mochilas; nove bolsas de diversos tamanhos; oito cartucheiras e uma capa de colete balístico. Houve ainda a recuperação do que havia sido roubado, como R$ 548.250,35 em dinheiro; 102 joias e bijuterias; 11 apitos de caça; um cheque no valor de R$ 2 mil; e um cofre, entre outros itens.

Mobilização conjunta

As buscas aos bandidos foram concentradas então em matagais próximos, sendo mobilizados em torno de 70 policiais militares. Os efetivos do 1ºBPAT, 36ºBPM, 12ºBPM, Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) do 1ºBOE, Batalhão de Aviação e Força Gaúcha de Pronta Resposta, além dos serviços de inteligência, ocuparam e vasculharam desde então toda a área na certeza de que os ladrões seguiam refugiados no mato. Na tarde de quarta-feira, um dos bandidos manteve uma família refém em uma propriedade na Linha Temerária, na localidade de São José do Caí, em Nova Petrópolis.

No início da noite, o homem, com uma pistola, decidiu escapar do local e acabou confrontando-se com os policiais militares, sendo baleado e morto. No fim da noite, outros dois assaltantes saíram de um matagal, perto da ponte do rio Caí, na BR 116. Houve então confronto com os policiais militares. Ambos morreram no tiroteio. Com eles, foram apreendidos pistolas e coletes. Um dos mortos era soldado da BM. Ao mesmo tempo, duas mulheres e um homem, que auxiliariam no resgate dos ladrões, foram detidos na estrada em um Fiat Uno Vivare. Outro brigadiano, em um Fiat Palio, também detido, admitiu a participação no auxílio aos assaltantes.

“A BM não tolera criminoso nas suas fileiras”

No fim da manhã desta quinta-feira, a Brigada Militar realizou uma coletiva de imprensa na sede do Comando Geral da BM em Porto Alegre. “Mais uma vez a BM deu uma resposta ao crime. Evidencia-se a violência dessa quadrilha por ocasião do assalto e também pela gravidade devido à participação de policiais militares que juraram defender a sociedade gaúcha no cumprimento do seu dever”, declarou o corregedor geral da instituição, coronel Carlos Armindo Thomé Marques.

“Esse soldado que foi preso está de imediato afastado das funções e aplicaremos a lei penal militar”, garantiu, acrescentando que vai determinada a expulsão dele da corporação. “A BM não tolera criminoso nas suas fileiras”, frisou.

O brigadiano que morreu e o detido ontem permaneciam em licença médica sob alegação de problema psiquiátrico. Na manhã desta quinta-feira circularam informações de que uma das mulheres detidas pode ser esposa de um outro brigadiano também supostamente integrante da quadrilha e ainda foragido. O corregedor geral da instituição, coronel Carlos Armindo Thomé Marques, confirmou que “tudo está sob investigação”.