Estudo com drogômetros flagra 9% dirigindo sob efeito de cocaína em Porto Alegre

Dos 164 motoristas que aceitaram participar do teste, em 2016, 33 deram positivo para a ingestão de substância psicoativa

Imagem: Laura Gross/Rádio Guaíba

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre divulgou hoje o resultado de uma pesquisa com o uso de drogômetros, desenvolvida pelo Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da casa de saúde. A pesquisa testou quatro equipamentos empregados, de abril a novembro de 2016, em operações do projeto Balada Segura, em Porto Alegre, com a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF). De acordo com os resultados, 9% dos motoristas abordados que aceitaram participar da pesquisa dirigiam sob efeito de cocaína e 4,4% sob efeito de maconha.

Conforme o professor responsável pela pesquisa, Flavio Pechansky, dos 164 condutores que fizeram o teste, 14 tiveram amostras positivas na triagem para cocaína, nove para maconha, nove para benzodiazepínicos (popularmente conhecimentos como calmantes) e cinco para anfetaminas, com ação excitante. “Apesar de promissores, é importante ressaltar que os resultados apresentados no estudo são oriundos de uma amostra pequena de motoristas e agentes de fiscalização. Além disso, o estudo foi realizado em apenas uma região do país, e sabemos da necessidade de ampliar a área de abrangência futuramente”, afirmou.

Ao todo, 178 motoristas foram retirados da via durante a Balada Segura. Desses, 164 aceitaram participar do estudo. Dos casos analisados, 33 tiveram resultado positivo para pelo menos uma substância psicoativa. A maior parte dos motoristas era de homens com idade média de 35 anos. Desses, 83% dirigiam carros ou caminhonetes, 10% motocicletas e 7% ônibus ou caminhões. Além disso, 90% dos participantes relataram possuir carteira de habilitação e dirigir com frequência diária.

Conforme o professor, a população ainda desconhece os efeitos das drogas no organismo, principalmente para quem assume o volante. Segundo ele, sob efeito de maconha, o motorista pode ficar mais lento e perder a noção de tempo e distância. Já o uso de cocaína provoca a ativação do sistema nervoso central, fazendo com que o condutor fique mais eufórico.

O estudo segue em fase inicial, mas, conforme a Polícia Rodoviária Federal, para que os drogômetros possam ser empregados, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) precisa homologar o uso. Além disso, há um projeto de lei tramitando na Câmara para que os equipamentos sejam liberados em operações da corporação.