Os trabalhadores da saúde de Canoas receberam o pagamento dos salários e vale-transportes referentes a outubro e novembro que estavam em atraso. Em audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), realizada nessa sexta-feira, o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP) se comprometeu a repassar o montante de R$ 12 milhões para pagamento dos servidores. A empresa que é investigada pelo Ministério Público precisa ainda apresentar comprovantes de pagamento em audiência agendada para a próxima segunda-feira.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (Sergs), Estêvão Finger, do total de valores repassados para pagamento dos servidores, R$ 9,5 milhões foi para quitação dos salários e os vale-transportes em atraso. O restante vai cobrir os custos com insumos e pagamento de terceiros. Funcionários que recebem até R$ 7 mil, tiveram seus salários pagos integralmente, conforme decidido na mediação.
“Nós estamos fiscalizando isso em contato constante com os trabalhadores e o relato é que praticamente a maioria recebeu a integralidade da quitação de outubro e os salários de novembro como foi acordado em audiência. Inclusive o GAMP e a prefeitura terão que comprovar esses pagamentos em audiência na próxima segunda-feira”, afirma o dirigente.
O contrato do Executivo canoense com o GAMP foi suspenso na sexta-feira. Segundo determinado pelo Ministério Público, a prefeitura de Canoas deve assumir de forma imediata a gestão das unidades de saúde. Conforme determinação, o executivo precisa enviar relatório mensal dos atos, atividades desenvolvidas e gastos no exercício da gestão.
Nos próximos dias 10, 11 e 12 de dezembro novas audiência serão realizadas no TRT. Na pauta de negociação estão a quitação de férias atrasadas, 13º e FGTS. A próxima assembleia com os trabalhadores do Gamp está marcada para 14h, do dia 12 de dezembro, em frente ao HU de Canoas.
GAMP alvo de operação
Na última quinta-feira, uma operação do Ministério Público foi realizada contra o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP). A empresa fazia a gestão do Hospital Universitário, do Pronto Socorro de Canoas, de duas Unidades de Pronto Atendimento e de quatro unidades de atendimento psicossocial. As unidades de saúde envolvem cerca de três mil funcionários.
De acordo com o MP, o Gamp recebeu mais de R$ 1 bilhão durante os cinco anos de contrato e, durante as diligências, foram apurados indícios de superfaturamento da medicação, simulação de compras e desvio de dinheiro, cooptação de agentes públicos e viagens de luxo pagas com dinheiro destinado à saúde de Canoas. Pelo menos R$ 40 milhões podem ter sido desviados, segundo o MP. Já a Prefeitura estima que possa ter havido desvio de R$ 128 milhões em prestação de contas que não se confirmaram.
No dia da operação, quinta-feira passada, três pessoas que integravam a direção do GAMP foram presas. O quarto suspeito com prisão preventiva decretada apresentou-se à polícia na última sexta-feira.
