O futuro ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, reafirmou hoje confiança pessoal no ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni, confirmado para assumir a Casa Civil a partir de janeiro.
A reação dele, em entrevista coletiva, ocorre no momento em que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de uma petição autônoma específica para analisar as acusações de caixa dois feitas por delatores da JBS ao futuro ministro da Casa Civil.
“Eu já me manifestei anteriormente. É uma questão de Onyx. O que vejo é um grande esforço [do ministro Onyx] para a aprovação das 10 medidas do Ministério Público, razão pela qual foi abandonado por grande parte de seus pares. Ele tem minha confiança pessoal.”
A partir de agora, a PGR deve promover diligências e analisar o caso com maior atenção antes de decidir se leva as investigações adiante e encaminha um pedido para a abertura de inquérito.
De acordo com a delação de ex-executivos da J&F, Lorenzoni recebeu dois repasses em espécie no valor de R$ 100 mil, um em 2012 e outro em 2014, a título de caixa dois. O deputado já admitiu publicamente ter recebido o repasse mais recente, sobre o qual pediu desculpas, mas sempre negou o mais antigo.
Foram abertos procedimentos para apurar o recebimento de caixa dois também pelos deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Alceu Moreira (MDB-RS), Jerônimo Goergen (PP-RS), Zé Silva (SD-MG) e Marcelo Castro (MDB-PI), bem como pelos senadores Wellington Fagundes (PR-MT), Renan Calheiros (MDB-AL), Eduardo Braga (MDB-AM) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Fachin, relator dos processos da Lava Jato, entendeu, entretanto, que os novos processos não serão necessariamente relatados por ele, já que não há relação direta dos fatos narrados com a Lava Jato. O ministro encaminhou os casos para distribuição por sorteio entre todos os ministros da Supremo, com a exceção do presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
Trabalho
Moro também falou sobre a estrutura do ministério da Justiça, com a incorporação de áreas do Ministério do Trabalho, a ser extinto no próximo governo. O ex-juiz admitiu que é possível que o setor de registro sindical, seja transferido para a pasta dele. “Ainda ainda está sendo definido. Há intenção de transferir a parte do registro sindical, que é um setor que teve muita corrupção no passado.”
Ontem o ministro da transição anunciou a extinção da pasta, que vai ter partes incorporadas incorporadas aos ministérios da Economia, da Cidadania e da Justiça.