Mesmo com aquecimento, Fiergs divulga crescimento tímido da economia gaúcha em 2018

Expectativa inicial era de 2,7%, mas PIB só avançou 1,1%

Balanço foi divulgado nesta manhã. Foto: Divulgação/FIERGS

O presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, apresentou, em almoço com a imprensa, o balanço da entidade para o ano de 2018 e as expectativas para o ano que vem. Conforme os economistas da entidade, o crescimento do PIB gaúcho neste ano deve ficar em 1,1%, enquanto o Brasil vai apresentar alta de 1,3% em relação ao ano passado. Ainda que os números representem uma retomada da economia, seguem abaixo das expectativas, que eram de 2,7% para o RS, e de 2% para o Brasil.

Entre os elementos que frearam um crescimento mais expressivo, estão a greve dos caminhoneiros, a crise na Argentina, o chamado risco eleitoral e o adiamento da reforma da Previdência. Além disso, André Nunes de Nunes, economista da Fiergs, apontou a delação de Joesley Batista (ocorrida em abril de 2017) como preponderante na queda na confiança do empresariado, gerando mais lentidão no processo de crescimento. Já Petry acrescentou que “a indústria vive do realismo, sem fantasia”, acrescentando que o setor está “saindo do realismo pessimista para o realismo otimista.”

A afirmativa pode ser explicada pelo comportamento do mercado em relação ao pleito de outubro, que de maneira geral refletiu de forma positiva na economia. O presidente acrescentou ainda que esse otimismo vai se mostrar bom ou ruim com o “com o andar da carruagem”. A economia brasileira e mundial segue crescendo, mas com riscos de desaceleração, principalmente das economias desenvolvidas, o que reflete nos demais países.

A expectativa de crescimento do PIB para 2019 é de 2,8% em relação a 2018, e os economistas entendem que o “programa de reformas” é fundamental para alavancar o crescimento. Já para o RS, a expectativa de crescimento em relação a 2018 é de 2,4%, com elementos como o regime de recuperação fiscal entre os essenciais para a saída da crise. Para o Rio Grande do Sul, a previsão de desaceleração econômica de China, EUA e Argentina não são positivas, já que esses são os três principais parceiros comerciais do setor industrial.

Também para o ano que vem, se projeta um quadro em que o dólar ainda segue valorizado, com projeção média de R$ 3,75 ao final de 2019. Além disso, a guerra comercial entre EUA e China é fundamental nesse cenário, normalmente puxando os números da economia mundial para baixo. Essa batalha, cuja trégua foi anunciada nesse final de semana, pode tirar 0,8% da previsão de crescimento para o ano que vem.

André reforça esses dados, afirmando que a reforma da previdência é o ponto fundamental para que o país possa retomar o fôlego econômico. “Quanto mais tardar a reforma da previdência, mais vai tardar a retomada do crescimento”, disse ele. Para que a expectativa de crescimento do PIB de 2,8% seja mantida, “um programa de reformas é fundamental, acrescentou.”

Produção industrial

Com características específicas, a produção industrial gaúcha ainda enfrenta distância grande para voltar ao nível de 2013. Há, entretanto, crescimento expressivo em relação ao país como um todo. O segmento de celulose e papel e também de veículos puxaram esses números: 81% do crescimento do setor está concentrado nesses dois setores.

Já o ramo da construção civil vem puxando para baixo o desempenho da indústria. O setor está 32% abaixo do pico de produção, em 2013. Entretanto, também projeta aquecimento e crescimento para 2019.

Quebra-cabeças

A Fiergs apresentou um “quebra-cabeças” de peças que, encaixadas, auxiliarão na retomada do crescimento. Entre eles, menor incerteza política, confiança elevada, controle da inflação, queda no endividamento das famílias e maior previsibilidade da economia. Isso deve, ainda, aumentar oferta de crédito a juros mais baixos.

A modernização trabalhista também é citada como peça importante, sob alegação de que trouxe segurança jurídica ao empregador. Em um ano de vigência, houve queda de 36% nas ações trabalhistas. Os especialistas dizem, entretanto, que uma avaliação definitiva ainda demanda mais tempo.

“Há um caminho longo, há outras peças. É preciso que o governo sinalize para privatizações, investimento na educação e qualificação de mão de obra, para retomar a economia e gerar empregos”, reforçou André.