G-20: Temer espera que novo governo continue no Acordo de Paris

Presidente participa da Cúpula do grupo, em Buenos Aires

Foto: Cesar Itiberê/PR

O presidente Michel Temer reafirmou hoje, em Buenos Aires, o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris e disse acreditar que o sucessor, Jair Bolsonaro, não vá romper esse entendimento. “Evidentemente que essas questões são levantadas, mas depois são equacionadas. Não vejo que não terão apoio [as questões climáticas e ambientais] do novo governo”, disse após reunião da Cúpula do G20.

Temer informou ainda que as colocações do presidente da França, Emannuel Macron, questionando o compromisso de Bolsonaro com o Acordo de Paris, não foram tratadas na reunião do G20. “Apenas o presidente da França falou disso [fora da reunião], fazendo uma relação com os possíveis acordos [do Mercosul] com a União Europeia, mas não houve uma palavra aqui sobre isso” , disse.

Em entrevistas, o presidente francês, Emmanuel Macron, condicionou o avanço do acordo entre a União Europeia e Mercosul ao apoio do governo brasileiro ao Acordo Climático de Paris. O presidente eleito Jair Bolsonaro respondeu hoje que não vai fazer acordos internacionais na área de meio ambiente que prejudiquem o agronegócio. Entretanto, ele ponderou que a posição não é definitiva.

Sobre a polêmica, Temer avaliou que a nova gestão não deve seguir esse caminho. O presidente aproveitou para lembrar que quase dobrou as áreas de reservas e parques ambientais no atual governo, destacando a ampliação da Chapada dos Veadeiros e a criação da reserva marinha “do tamanho de uma França.” Ele lamentou que o desmatamento tenha crescido em 2017, “no período eleitoral”.

Michel Temer disse que entregou aos membros dos Brics uma mensagem de Bolsonaro dizendo que ele vai acolher com “alegria e apreço” a próxima reunião do grupo, que ocorre no Brasil em 2019.

Previdência e Indulto
Temer evitou responder às críticas feitas por Bolsonaro à proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo à Câmara. “Não vi essa declaração [de que a reforma “mata idosos” e é “agressiva com o trabalhador”]. “O que eu vejo é que ninguém leu a nossa proposta de reforma, que é de uma suavidade extraordinária; leva 20 anos para fazer a transição para a nova idade mínima”, disse.

“Protegemos o trabalhador que aposenta com salário mínimo, o trabalhador rural e quem depende de benefícios. Onde há problema é no fim dos privilégios, nos salários iguais para setor público e privado. Quem quiser maior aposentadoria, se aposentar com mais de R$ 30 mil, que pague a complementação, semelhante a uma capitalização”, afirmou.

O presidente também comentou o resultado favorável, por 6 votos a 2, do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) ao indulto de Natal assinado por ele em 2017. “O STF disse que o Temer acertou juridicamente, então não estou arrependido; estou constitucionalmente correto. Mas não comentei essa questão nem quando o indulto foi suspenso. Se o STF mandasse fazer diferente é claro que eu seguiria”, afirmou.