PF prende 21 pessoas em esquema de tráfico de drogas internacional que movimentou R$ 1,4 bilhão

Líder da quadrilha comandava esquema de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc)

Buscas foram realizadas em fazenda na Capão do Cipó. Foto: Polícia Federal / Divulgação

A Operação integrada entre Polícia Federal e Receita Federal realizada nesta quinta-feira prendeu 21 pessoas que estavam envolvidas em um esquema de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. A operação denominada Planum foi realizada em cinco estados, incluindo o Rio Grande do Sul. Segundo a PF, o líder da organização criminosa é gaúcho e comandava as ações de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

Conforme o delegado Roger Soares Cardoso, responsável pela operação, 10 pessoas foram presas no Rio Grande do Sul. O líder da quadrilha havia sido preso em agosto do ano passado em Tramandaí, no litoral Norte. “O responsável pela organização criminosa está preso na Pasc desde agosto do ano passado. Ele teve um preso em Uruguaiana e depois foi para Pasc. Esse cidadão gaúcho é o responsável por essa logística que era apresentada aos grupo de narcotraficantes para transporte de drogas até a Europa”, afirma.

A investigação apontou para um banco informal responsável pela lavagem de dinheiro oriundo de diversos crimes, além do tráfico de drogas, como contrabando e outros ilícitos. A movimentação dessa instituição financeira clandestina foi de aproximadamente R$ 1,4 bilhão nos últimos três anos. A investigação já rastreou cerca de 90 empresas de fachada e 70 pessoas empregadas como “laranjas” do grupo para a operacionalização da lavagem de dinheiro e operações de câmbio ilegais.

Foram cumpridos ao todo mandados de busca e apreensão em 40 endereços e ordens judiciais para sequestro e bloqueio de imóveis, fazendas, aeronaves, embarcações, veículos e contas bancárias, estimados em mais de R$ 30 milhões. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades gaúchas de Tramandaí, Palmares do Sul, Gravataí, Estância Velha, Novo Hamburgo, Uruguaiana, Cachoeirinha, Capão do Cipó e Itaqui. Além disso a operação também fez buscas e apreensões em cidades de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.

O inquérito policial foi instaurado em junho de 2017 para apurar o envio de cocaína da Bolívia para o Rio Grande do Sul. Com as investigações, a Polícia Federal identificou que aviões partiam de Mato Grosso do Sul para serem carregados com grande quantidade de cocaína (em média 500 quilos) na Bolívia e seguiam até o Rio Grande do Sul, onde pousavam em fazendas adquiridas pela organização criminosa. Posteriormente, a droga seguia por estradas para outros estados e permanecia em depósitos até ser despachada para a Europa através de portos brasileiros.

Ainda segundo o delegado Cardoso, as drogas eram escondidas em blocos de granito, transportadas em aeronaves agrícolas e caminhões antes de serem levadas para áreas portuárias. “Esses carregamentos eram provenientes da Bolívia. Eles vinham em aeronaves agrícolas até para disfarçar o transporte. Essas aeronaves fazem voos baixos até para não serem percebidas nos radares. A droga desembarcada nessas pistas no noroeste gaúcho era transporte em caminhões até depósitos em áreas portuárias de onde a droga partia em direção à Europa”, explica.

Uma das apreensões ocorreu no terminal portuário de Navegantes (SC), em 06 de maio de 2016, quando 811 quilos da droga, escondidos em blocos de granito, foram localizados pela Receita Federal em contêineres que seriam despachados para a Espanha. Em outra apreensão, em 23 de junho deste ano, a Polícia Federal flagrou 448 quilos da droga escondidos em um bloco de concreto, em um caminhão que trafegava pelo município de Unistalda (RS). Até o momento, foi possível comprovar o volume de 2,2 toneladas de cocaína que foram enviadas ou que seriam despachadas do Brasil para a Europa pelo grupo criminoso.

A Polícia Federal não divulgou o nome dos presos que responderão pelos crimes de organização criminosa, tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico de drogas, operação de instituição financeira sem a devida autorização, operação de câmbio não autorizada e lavagem de dinheiro.