Padilha adverte que Leite e Bolsonaro terão de discutir venda do Banrisul para adesão a regime fiscal

De acordo com o ministro da Casa Civil, valor estimado com a privatização da CEEE, CRM e Sulgás não basta como contrapartida

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Foto: Guilherme Testa / CP Memória

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, advertiu hoje que o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) vai encontrar dificuldades para costurar, com o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) a adesão do Rio Grande do Sul ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Um dos entraves envolve, segundo Padilha, a necessidade de privatização do Banrisul. Durante a campanha eleitoral, Eduardo Leite rechaçou qualquer possibilidade de vender o banco estatal.

O atual ministro da Casa Civil revela, porém, que o Tesouro Nacional vem exigindo ativos robustos do governo gaúcho para incluir o Rio Grande do Sul no plano de ajuste fiscal. Considerando insuficiente a venda da CEEE, Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Sulgás, que pode resultar em mais de R$ 3 bilhões, Eliseu Padilha adiantou que a União vai pedir como contrapartida também a venda do Banrisul. O ministro, porém, evitou falar em números quando questionado sobre o valor de mercado do banco.

“A primeira discussão que virá será o Banrisul, eu tenho certeza disso. Porque o valor a ser colocado à disposição, em caso de assinatura do pré-acordo, é um valor bastante elevado e os demais ativos colocados à disposição não alcançam (as exigências)”, detalhou Padilha.

Em entrevista ao Esfera Pública, o ministro reforçou o discurso de que o governador José Ivo Sartori (MDB) não assinou o pré-acordo com o Planalto para evitar o discurso de opositores de que a medida era eleitoreira. Desde fevereiro de 2017, o Palácio Piratini discute a adesão ao regime com o governo federal.

Nessa quinta-feira, durante reunião de transição do governo gaúcho, o futuro governador contestou o pré-acordo de Sartori. Eduardo Leite disse que, tecnicamente, o texto anunciado diversas vezes pelo Piratini é só uma carta de intenções.

Com adesão ao plano, o Estado pode deixar de pagar a dívida com a União por três anos, o que pode ser prorrogado por mais três.

Sem pagar dívida, Estado economizou R$ 3,6 bilhões

Desde agosto de 2017, o Piratini deixou de realizar o pagamento da dívida com a União após decisão liminar do ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal (STF), o que gerou uma economia de cerca de R$ 3,6 bilhões aos cofres públicos, até o momento.