Saída de cubanos do Mais Médicos vai reduzir atendimentos, admite secretário da Capital

Porto Alegre conta hoje com 14 médicos da ilha caribenha

O secretário municipal da Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, disse, nessa manhã, ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, que o País assiste “a uma disputa” no que se refere à saída de Cuba do programa Mais Médicos. Erno classificou a questão como “um jogo de xadrez, com impacto direto na vida cotidiana dos brasileiros”. Ainda assim, disse não estar certo de que a questão tenha sido resolvida em definitivo, e não descarta, pessoalmente, que se possa encontrar um entendimento à questão.

Porto Alegre conta hoje com um total de 117 profissionais do Mais Médicos, com 14 cubanos – 13 deles na ativa. Conforme Erno, esse total representa 5% dos profissionais das Equipes de Saúde da Família (ESFs). Hoje, as unidades dispõem de mais de um médico, mas mesmo assim o secretário pondera que a saída dos cubanos pode representar atraso ou morosidade nos atendimentos até que as vagas sejam novamente preenchidas.

“Vai significar um médico a menos nas unidades onde eles atuam”, prosseguiu, reforçando que vai haver diminuição de atendimentos e que a nossa velocidade de substituição do ponto de vista burocrático “é mais lenta do que a gente gostaria.” O titular da pasta da Saúde informou ainda que a Prefeitura leva cerca de um mês e meio para substituir profissionais e que, durante essas lacunas, pode haver espera.

Erno prossegue dizendo que a prefeitura conta com um processo seletivo aberto, com 44 médicos já selecionados, dos quais apenas 12 foram chamados: “mas nem sempre eles querem assumir, e isso faz com que tenhamos que abrir novos processos”, ponderou. Questionado sobre a atratividade das vagas aos médicos brasileiros, problema recorrente no País, afirmou que a Prefeitura “não tem condição de aumentar os salários dos médicos enquanto parcelamos salários”.

Ponderou, entretanto, que desde o início do governo Marchezan as unidades de estratégia de saúde da família subiram de 198 para 255, ampliando a rede de atenção primária. “Nossa intenção era diminuir o tamanho do Mais Médicos, ter profissionais próprios na rede, pois sempre teve uma aura de instabilidade (no Mais Médicos), mas hoje pouco menos da metade das equipes depende do programa”, constatou. Entretanto, disse que há uma série de medidas pensadas para o ano que vem no intuito de diminuir essa dependência e preencher a lacuna deixada pelos cubanos.

Questionado sobre a experiência dos profissionais estrangeiros em solo brasileiro, afirmou que é um processo heterogêneo: “conheço alguns que entraram em depressão pela distância da família e dos filhos, e também conheci médicos mais ligados ao regime, que entendiam a tarefa como uma missão. E também aqueles que, apesar do confisco salarial pelo governo, enxergam a oportunidade como chance financeira”.