Impasse entre quilombolas e Justiça marca reintegração de posse em área do Asilo Padre Cacique

Batalhão de choque da Brigada Militar está no local e aguarda para cumprir o mandado

BM tenta cumprir mandado de reintegração de posse de área do Asilo Padre Cacique. Foto: Alina Souza/CP

O batalhão de choque da Brigada Militar tenta cumprir, nesta quinta-feira, um mandado de reintegração de posse de parte de um terreno do Asilo Padre Cacique, na zona Sul de Porto Alegre. O mandado foi expedido pela Justiça Estadual, contudo, os moradores do grupo quilombola se negam a sair, alegando que o assunto deveria ser tratado pela Justiça Federal.

O advogado do grupo está tentando uma medida liminar, para suspender a reintegração. “Pedimos uma hora para a Brigada Militar, para ver se dá tempo de a Justiça acatar nossa liminar, contudo não estão querendo aceitar”, explicou o líder da comunidade e filho de quem fundou o quilombo há 54 anos, Sandro Lemos.

Cerca de 60 pessoas – entre crianças, adultos e idosos – moram no local, que é o sétimo quilombo urbano de Porto Alegre. O Asilo Padre Cacique, que é dono do terreno devido ao usucapião, tenta reintegrar a área há mais de dez anos, contudo só agora conseguiram que a Justiça Estadual expedisse o mandado.

Lemos explica que quando sua família chegou, o local era tomado por mato e não era utilizado pelo asilo. O pai dele trabalhou na casa de idosos por mais de 40 anos e, só após a morte do patriarca, a instituição pediu a reintegração do local.

Caminhões e retroescavadeira já estão no terreno para arrecadar os pertences dos moradores e levar para outro lugar. O grupo alega ainda que não tem para onde ir.