Lula entra no STF com pedido de liberdade após Moro aceitar ministério de Bolsonaro

Lula pediu nulidade do caso triplex alegando falta de imparcialidade ao processá-lo

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Ricardo Stuckert

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com um pedido de habeas corpus, nesta segunda-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspeição do juiz federal Sérgio Moro do processo, além da liberdade do petista. Para os advogados, Moro agiu de forma política e atuou fora do âmbito do processo influenciando o período eleitoral. Os advogados também pedem que o STF decrete a nulidade de todos os atos processuais relativos ao caso triplex.

A defesa de Lula alega que, durante a campanha eleitoral, Sérgio Moro manteve contato com a cúpula do então, presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e, durante esse período se manteve à frente do processo contra o ex-presidente, que até agosto liderava as pesquisas de intenção de voto.

“Moro compareceu a sucessivos eventos organizados por adversários políticos do Paciente, mas nunca por seus correligionários, abandonou suas férias, em plena manhã de domingo, para despachar quando não havia sido convidado, tão somente para impedir a soltura do Paciente, levantou parcialmente o sigilo de delação premiada que prejudicava o Paciente às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais, aceitou servir como Ministro de Estado do principal opositor político do Paciente; tudo isso sem esquecer de que conferiu apoio público à manifestação realizada contra a agremiação partidária do Paciente, ainda em 2016”, afirmou a defesa.

Além do STF, a defesa de Lula decidiu levar ao Comitê de Direitos Humanos da ONU a decisão de Moro de ingressar no governo de Bolsonaro. O ex-presidente vai reforçar a tese de que o juiz federal agiu com motivação política e que foi recompensado por favorecer a eleição do capitão da reserva, uma vez que as pesquisas eleitorais indicavam a vitória de Lula.

Lula está preso desde abril em Curitiba, base da Lava Jato. O ex-presidente foi condenado em janeiro deste ano pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), a Corte de apelação da operação, a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso triplex do Guarujá. O habeas corpus de Lula foi distribuído ao ministro Edson Fachin no sábado.