Base na Assembleia Legislativa preocupa Eduardo Leite

Governador eleito instruiu equipe a buscar contato com deputados do MDB antes da posse

Base na Assembleia preocupa Eduardo Leite. Foto: Fabiano do Amaral/CP

governador eleito Eduardo Leite (PSDB) tentará, mesmo antes de assumir, construir maioria na Assembleia Legislativa. O tucano viajou nessa terça-feira e deverá descansar por alguns dias. Mas instrui sua equipe para antecipar encontros com lideranças políticas de bancadas que podem associar-se ao projeto liderado pelo tucano. “Queremos ter o apoio de todos os partidos que estão sintonizados com nosso projeto, para que possamos discutir e aprovar uma importante agenda de mudanças no Estado”, descreveu ontem o vice-presidente do PSDB gaúcho, Valdir Bonatto.

Após a vitória, ficou claro para a equipe do governador eleito que os 19 deputados eleitos pela aliança neste pleito são insuficientes para enfrentar temas polêmicos, como concessão de estradas para pedágios, enxugamentos na máquina pública e privatizações. Para aprovar um projeto de lei simples, são necessários 28 votos.

“Nós adotamos a ideia de formar uma maioria em torno do projeto, em vez de discutir a adesão de apoios a cada pauta”, pontua Bonatto. Segundo ele, as representações de partidos que não estiveram na aliança com Leite serão convidadas nas próximas semanas para conversar a respeito de eventual composição. “Nossa ideia é definir claramente uma agenda de governo para os primeiros meses, na qual os potenciais aliados acreditem e possam estar dentro do processo. Se a discussão se dispersar em cada pauta que chega à Assembleia Legislativa, os projetos correm o risco de não avançar”, analisa.

Uma das bancadas que está na mira dos tucanos é a do MDB, que possui oito deputados eleitos, dos quais sete participam da atual Legislatura, tendo atuado em defesa de projetos polêmicos encaminhados ao Parlamento pelo governador José Ivo Sartori (MDB).

Contudo, o ambiente pesado remanescente da disputa eleitoral pode interpor obstáculos no caminho de uma composição entre as duas siglas. Bonatto, no entanto, sinaliza pela superação de eventuais mágoas. “Tivemos um jogo pesado no segundo turno, mas acredito que a disputa eleitoral não pode ir para dentro do governo. Todos que se aproximarem em torno do projeto serão ouvidos e reconhecidos com espaços de participação no futuro governo”, apontou.

Aproximação divide MDB 

Reunida nessa terça pela primeira vez, a bancada estadual eleita do MDB deliberou posição independente – ao menos em caráter preliminar – com relação ao futuro governo. Segundo o deputado Tiago Simon, tal decisão decorre do entendimento de que a pauta a ser defendida pelo governador eleito Eduardo Leite (PSDB) é uma continuação do trabalho iniciado pelo governador José Ivo Sartori (MDB).

“Nossa bancada é totalmente comprometida com as reformas, as mudanças estruturais e os ajustes para o equilíbrio das contas públicas, o que demonstra convergência com aquilo que tem sido dito pelo governador eleito. Vamos atuar de forma independente, mas não podemos deixar de dizer que o Estado a ser administrado por Eduardo Leite tem melhores condições graças ao trabalho do governados Sartori”, declarou Simon.

A visão conciliadora da bancada, expressada no discurso de Tiago Simon, entretanto, não encontra o mesmo ânimo entre outras lideranças emedebistas. Nos bastidores, corre a informação de que o ressentimento consequente da dura disputa durante a campanha e, sobretudo, no ativismo das redes sociais, será difícil de ser superado.

A postura de distanciamento já repercute na cúpula do MDB. “Fomos colocados na oposição pela sociedade, que escolheu o adversário para governar. Não penso que vamos fazer oposição raivosa, mas não temos nenhum interesse em participar do governo”, argumentou o presidente do MDB gaúcho, deputado Alceu Moreira.